"O clube está a funcionar com normalidade e tem todas as condições para manter e reforçar a sua atividade desportiva, formativa e social. O plano de recuperação é precisamente uma resposta responsável e estruturada para assegurar o futuro", lê-se na missiva assinada pelo presidente 'axadrezado', Rui Garrido Pereira.
Numa das 43 questões respondidas sobre vários temas da atualidade do clube, as 'panteras' explicam que, "perante a situação criada pela SAD e o impacto que teve no funcionamento do clube, era essencial formalizar um plano de recuperação que garantisse a estabilidade, a sustentabilidade e o futuro do Boavista como instituição centenária".
"Este plano é liderado diretamente pelo clube, com base na sua realidade atual e nas suas prioridades. Tem como objetivo proteger o património, assegurar a viabilidade das modalidades, regularizar passivos antigos e construir um caminho novo com autonomia", notou, sobre um instrumento jurídico "autónomo da SAD e desenhado pelo clube para responder à sua própria realidade".
Na semana passada, o clube e a SAD formalizaram o pedido de insolvência junto do Tribunal de Comércio de Vila Nova de Gaia, numa altura em que a entidade presidida por Rui Garrido Pereira detém 10% do capital social da sociedade liderada pelo senegalês Fary Faye.
"O plano define um percurso gradual, com medidas específicas para negociar e, sempre que possível, extinguir passivos. Já houve avanços significativos com vários credores institucionais, com os quais temos tido um diálogo construtivo. O clube tem mantido uma postura aberta e responsável com todos os credores, muitos compreenderam o esforço e têm colaborado ativamente para encontrar soluções equilibradas", elucidou.
O tribunal declarou a insolvência do Boavista em 08 de julho, cinco horas depois de ter sido concluído o leilão dos terrenos adjacentes ao Estádio do Bessa, cuja oferta mais alta foi de 5,55 milhões de euros (ME), na sequência de dívidas antigas do clube a entidades envolvidas na construção do recinto, inaugurado em dezembro de 2003.
"O objetivo do plano é preservar o património e garantir que ele sirva o clube. Estamos a trabalhar com entidades públicas e privadas para proteger e rentabilizar o que é nosso, com total disponibilidade e responsabilidade", transmitiu Rui Garrido Pereira, que está em conversações com "parceiros nacionais e internacionais para reforçar os apoios ao clube, sempre com critérios de sustentabilidade, validação e respeito pelos valores do Boavista".
Garantindo que "a identidade do Boavista não está à venda", o presidente 'axadrezado' diz estar a mobilizar colaboradores, parceiros e voluntários para responder aos desafios da transição, alinhada com a gestão desportiva no futebol e nas restantes modalidades.
"O plano de recuperação começará a ser apresentado já na próxima Assembleia Geral extraordinária [em 28 de julho] com toda a clareza. Confiamos que os sócios saberão reconhecer o trabalho feito e o desafio que temos de vencer. Esta crise serviu para acordar consciências e para unir o clube em torno de um objetivo comum", apontou.
O clube deseja ter uma equipa sénior independente da SAD, que deveria disputar a II Liga de futebol na próxima temporada, mas falhou a inscrição nas competições profissionais e, mais tarde, também viu negado o licenciamento por parte da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) para participar na Liga 3, terminando hoje o prazo para apresentar recurso junto do Conselho de Justiça (CJ) do organismo.
O incumprimento de pressupostos financeiros determinou essas duas decisões, sendo que, se não for dado provimento ao recurso pelo CJ da FPF, a SAD 'axadrezada' será relegada para os escalões distritais da associação de Futebol do Porto, hierarquicamente abaixo da Liga 3 e do Campeonato de Portugal, terceiro e quarto patamares nacionais, respetivamente.
"Muitas decisões da SAD não podiam ser revertidas diretamente pelo clube, que, neste momento, está a atuar com firmeza e autonomia. Nada garante [que não voltem a existir problemas], mas tudo está a ser feito com uma nova mentalidade: mais controlo, rigor e compromisso. O futuro será sempre exigente, mas estaremos mais preparados e unidos. Esta é uma oportunidade histórica para recomeçar com dignidade, pés no chão e olhos no futuro", afiançou Rui Garrido Pereira.
Despromovido à II Liga em maio, após fechar a edição 2024/25 da I Liga no 18.º e último lugar, com 24 pontos, o Boavista concluiu um trajeto de 11 épocas no escalão principal, sendo um dos cinco campeões nacionais da história, face ao título vencido em 2000/01.
"Nos últimos dias, históricos e anónimos boavisteiros, movidos pela desesperança deste momento, têm desabafado publicamente que o futuro é difícil. Queremos transmitir o oposto: o presente é péssimo, mas os boavisteiros vão unir-se para salvar o Boavista", concluiu.
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