"O presidente Trump indicou que o avanço, ou mesmo a dominação, dos Estados Unidos na inteligência era uma prioridade nacional", recordou David Sacks, principal conselheiro da Casa Branca para a IA, durante uma conferência de imprensa telefónica.
"Estamos envolvidos numa corrida a nível mundial para liderar no campo da IA", explicou, "e queremos que os Estados Unidos vençam essa corrida", frisou.
Segundo aquele responsável, este plano de ação resulta de uma ampla consulta a profissionais, investigadores e utilizadores, iniciada em fevereiro.
O presidente americano pretende romper com a linha adotada pelo seu antecessor Joe Biden, defensor de um crescimento controlado, com ênfase na segurança e na avaliação dos riscos.
A Casa Branca afirma ter identificado cerca de 90 medidas que serão colocadas em marcha "nas próximas semanas e meses", segundo um comunicado. E estas medidas estão reunidas em torno de três eixos.
O primeiro desses eixos visa facilitar a construção de novos centros de dados, essenciais para o funcionamento da IA, e a realização de grandes projetos energéticos, para responder às imensas necessidades de eletricidade destes centros de dados.
Muitos centros de dados já estão atualmente em construção nos Estados Unidos. O governo Trump quer, em particular, simplificar a concessão de licenças e autorizações para novos projetos.
O segundo eixo do novo plano diz respeito à "diplomacia IA", segundo a expressão de David Sacks. O que implica, entre outras coisas, a mobilização de dois braços financeiros dos Estados Unidos para o comércio internacional, a Agência Americana de Desenvolvimento e Financiamento (FDC na sigla em inglês) e o Banco americano de importação-exportação, para que apoiem as exportações da IA americana.
"Para ganhar esta corrida, é necessário que os modelos (americanos) sejam usados em todo o mundo", apelou, durante a conferência de imprensa telefónica, Michael Kratsios, o diretor responsável pelas questões científicas e tecnológicas da Casa Branca. "A IA americana deve ser um padrão de referência", afirmou.
Donald Trump priorizou a divulgação no estrangeiro da tecnologia americana, e da IA em particular. E já contribuiu para as discussões que levaram os Emirados Árabes Unidos a celebrar, em maio, contratos com a OpenAI, Oracle e Nvidia para a criação das suas próprias infraestruturas de IA.
A terceira e forte vertente do plano de ação não se centra no crescimento da IA americana, mas pretende ser uma resposta ao que Donald Trump vê como a emergência de uma inteligência artificial com um "viés ideológico".
Assim, o Presidente dos EUA pretende proibir os vários serviços, ministérios e agências do seu governo de adquirirem softwares de IA que manifestem essa orientação.
De acordo com Michael Kratsios, trata-se de "garantir que esses sistemas permitam a liberdade de expressão".
Um oficial americano esclareceu que o "principal" viés ideológico, segundo a Casa Branca, está nas iniciativas que incentivam a representação e a inclusão das minorias.
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