O deputado do Chega, Nuno Gabriel, disse, na sexta-feira, durante uma audição da Comissão de Educação e Ciência, na Assembleia da República, para a deputada do Livre, Filipa Pinto, "arranjar um quarto" e fazer "aquilo que quiser". Esta afirmação foi dita após a deputada ter questionado o ministro da Educação, Fernando Alexandre, acerca da retirada do "domínio sexualidade da disciplina cidadania".
A deputada Filipa Pinto tomava a palavra na comissão e questionava o ministro sobre o número de alunos e a falta de professores, tendo feito ainda a seguinte pergunta: "Sente-se confortável com a retirada do domínio da sexualidade da disciplina cidadania? Sente genuinamente que fez um bom serviço ao país e a esta geração de jovens?".
De seguida, foi a vez do deputado do Chega se dirigir ao ministro e após as perguntas colocadas, referiu: "A senhora deputada Filipa Pinto, se me permite, essa coisa de andar nisso sempre do sexo e das crianças. Oh senhora deputada, com todo o respeito, pode-me não ficar bem, arranje lá um quarto e faça aquilo que tem a fazer".
Em resposta, a deputada do Livre afirmou que o que tinha sido dito por Nuno Gabriel "não é propriamente digno desta casa", pedido para que fosse feito "um reparo na questão da urbanidade que se deve manter nestas audições".
A presidente da mesa também tomou a palavra salientando que "não foi uma imagem apropriada" e que "o respeito entre todos é fundamental". "Pedia que não estivéssemos a prolongar este momento, mas nós temos de nos dirigir uns aos outros com respeito".
"Tenho que fazer aqui uma comparação e, se porventura me excedi, faço aqui mea culpa. Eu acho que não me tenha excedido. Agora a questão é quando nós olhamos para salas de aula com alunos de 4, 5 e 6 anos, que vemos a ser ensinados como é que se mete um preservativo, a verem órgãos sexuais. Isso também não e digno", afirmou o deputado do Chega.
E acrescentou: "Ali a senhora deputada Filipa Pinto acha piada e isso já acha normal. Devia ter vergonha".
"Isto é inaceitável", retorquiu a deputada do Livre.
Os restantes deputados presentes fizeram interpolações à mesa, apontando o dedo a Nuno Gabriel, tendo a deputada da Iniciativa Liberal (IL) se associado à deputada do Livre: "Isto não formas de estar, nem de trabalhar".
Também a deputada do Partido Socialista (PS), Elza Pais salientou "que não se pode admitir, em circunstância nenhuma, desrespeito, nem ofensa à integridade e à dignidade pessoal e individual de cada um".
Já a deputada Inês Barroso, do PSD, afirmou: "Não é este o exemplo que queremos dar lá em casa, a quem nos ouve. Não é o exemplo que queremos dar aos portugueses".
Nuno Gabriel foi um dos quatro deputados do Chega eleito pelo círculo de Setúbal. É também candidato pelo partido à Câmara Municipal de Sesimbra.
De recordar que, na segunda-feira, o Governo divulgou a nova Estratégia Nacional para a Educação para a Cidadania e as Aprendizagens Essenciais para a disciplina de Cidadania e Desenvolvimento, documentos que vão estar em consulta pública até 1 de agosto. Um dos pontos que saltou à vista foi o facto de ter menos atenção a temas como a sexualidade ou bem-estar animal e mais à literacia financeira ou ao empreendedorismo
As reações também não tardaram a surgir, com vários partidos da oposição a criticarem o Governo.
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