"Em final de mandato, e estando já em período pré-eleitoral, esta decisão, que lamento, não põe em causa o normal funcionamento da Câmara Municipal de Óbidos, que felizmente possui uma estrutura de dirigentes e colaboradores de alto nível e focados na execução das políticas em curso", esclareceu Filipe Daniel num comunicado publicado nas suas redes sociais.
Numa altura em que se constituem listas para as eleições autárquicas de 12 de outubro, às quais se recandidata, o autarca justificou que "a dança de lugares nas listas não pode sobrepor-se à necessidade de renovação da equipa e aos interesses dos munícipes, das empresas, das associações e dos clubes do concelho".
"O presidente da Câmara não pode, no momento de constituir uma lista para se recandidatar ao cargo, estar sujeito a pressões para que um ou outro ocupe este ou aquele lugar e muito menos intimidar-se pela ideia de que alguém poderá vir a apresentar uma candidatura independente", acrescentou.
Questionados pela agência Lusa, os vereadores do PSD, que estavam em regime de permanência e com pelouros atribuídos no município, não confirmaram integrar uma candidatura independente, remetendo explicações para um comunicado que divulgaram na terça-feira.
No mesmo dia, os autarcas informaram o presidente que deixaram "de exercer funções executivas no seio do executivo municipal, com efeitos imediatos, abdicando dos pelouros que foram atribuídos".
A decisão foi justificada com o facto de não se reverem nas opções políticas.
"Estas opções não priorizam as maiores necessidades da população do concelho de Óbidos, como tivemos oportunidade de o transmitir por diversas vezes, sem que nunca tivéssemos sido ouvidos", sustentaram.
Os vereadores defenderam também que as associações e entidades "merecem um tratamento institucional mais reconhecedor e valorizador do papel que desempenham na vida do concelho".
"Não acompanhamos a forma de liderança que o senhor presidente tem ao longo dos tempos vindo a seguir e não aceitamos o seu afastamento e a falta de reconhecimento do mérito, esforço e resultados alcançados pelos vereadores do seu executivo", concluem.
No mesmo comunicado, é referido que os três vão continuar a exercer o seu mandato, mantendo-se no executivo municipal, ainda que sem pelouros atribuídos.
O vice-presidente, José Pereira, eleito nas listas do PSD como independente, tinha os pelouros da Intervenção Social, Habitação, Resíduos Sólidos Urbanos, Espaços Verdes, Proteção Civil e Transportes Coletivos.
Educação, Cultural Saúde e Bem-Estar, Juventude, Desporto e Gestão e Acompanhamento a instituições culturais, recreativas e desportivas eram as áreas da responsabilidade de Margarida Reis, militante do PSD.
Telmo Félix, também militante, tinha os pelouros do Planeamento e Gestão Urbanística, Energia, Regeneração e Requalificação Urbana, Sustentabilidade e Modernização Administrativa.
Desde as anteriores eleições autárquicas, o executivo municipal de Óbidos, no distrito de Leiria, é constituído por quatro eleitos do PSD e três do PS.
Leia Também: Descoberta assinatura de Josefa d'Óbidos em pintura do Palácio de Mafra