O comandante nacional de Emergência e Proteção Civil, Mário Silvestre, afirmou que esta terça-feira "é o dia com mais ocorrências" registadas durante este ano, num total de 132. Destacou ainda que o incêndio que deflagrou em Arouca é o que "mais" preocupa.
"De todos os incêndios que estão ativos, há 17 ocorrências que estão em estado elevado. São aquelas que relevam maior preocupação que estão a empenhar 2.758 operacionais, 870 veículos e com isto também empenhados 29 missões aéreas nestes incêndios", começou por dizer no balanço realizado pelas 19h00.
E acrescentou: "Obviamente que continuamos com o dispositivo inicial, a fazer resposta a todas as ocorrências que continuam um pouco por todo o país a espoletar".
Mário Silvestre referiu ainda que há "43 ocorrências em resolução, que estão a empenhar 856 operacionais e 252 veículos" e que, em alguns dos locais, ainda continuam a operar meios aéreos, por forma a evitar "reativações".
Sobre o incêndio no Lindoso (Ponte da Barca), o comandante revelou que havia uma "preocupação muito significativa com uma das zonas" e que, "infelizmente, esse incêndio abriu num desses pontos de abertura e, portanto, neste momento está ativo, em direção à zona da serra Amarela".
"Temos também o incêndio da Beira Baixa, em Aradas, o tal incêndio de Penamacor, que tem 2.953 hectares medidos às 18h00. Era um incêndio que também estava relativamente estável às 12h00. No entanto, com incremento do vento que houve - e com a rotação do mesmo para o quadrante nordeste -, sofreu uma abertura num dos flancos. Neste momento, a situação está a normalizar e contamos, dentro das próximas horas, que o combate decorra de forma favorável e temos boas perspectivas para este incêndio", continuou.
Já sobre o incêndio que lavra em Arouca, Mário Silvestre destacou-o como sendo "o incêndio com mais preocupação", uma vez que coloca "em risco, nomeadamente, a população de Castelo de Paiva e de Arouca", notando que para o lado de "Nespereira também existe essa probabilidade".
O comandante salientou que é em Arouca e Castelo de Paiva que "estão a ser concentrados todos os esforços do dispositivo de combates a incêndios" e que estão "a tentar evitar que este incêndio possa afetar de forma significativa a população de Arouca".
"Em Nisa, temos um incêndio que deflagrou pelas 15h00. Foi um incêndio dominado pelo vento, com elevadas velocidades de propagação, 1000 m/h foi o que fez numa fase inicial e, portanto, mais uma vez com uma taxa de expansão média de 274 hectares, tendo ultrapassado rapidamente a capacidade de extinção do dispositivo terrestre e aéreo. Neste momento, encontra-se também em combate, sendo o incêndio que prevemos que durante a noite, o dispositivo de combate consiga dar uma cabal resposta ao mesmo", referiu.
Mário Silvestre caracterizou, um outro incêndio, em Monte da Nó (Ponte da Barca), com "elevado interface urbano florestal e, portanto, com esta característica, o incêndio faz com que os todos recursos envolvidos estejam muito diretamente relacionados com a proteção das habitações". "É um incêndio complexo por se situar no interface urbano florestal bastante denso".
Acrescentou também que o incêndio de Alcanede, em Santarém, afetou "uma pecuária, há um conjunto de animais mortos" e que estão a "tentar perceber a dimensão dessa afetação".
20 pessoas assistidas: "Tudo feridos leves"
"No que diz respeito a vítimas, neste momento temos 20 assistidos - 14 bombeiros, três civis, dois elementos Afocelca e um elemento da Guarda Nacional Republicana (GNR). Destes foram retirados 11 elementos e, felizmente, todos bem e tudo feridos leves, sem problemas de maior", frisou.
Mário Silvestre reiterou que continua a haver "um conjunto de ocorrências muito significativo", adiantando também que tem sido reportado pela GNR a "utilização negligente de maquinaria agrícola" e que "isso tem causado um conjunto de ocorrências bastante significativo", pedido para que a população evite o uso desses elementos.
"Não é possível pensarmos que conseguimos fazer a extinção de um incêndio só com meios aéreos"
Questionado sobre as declarações da ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral, acerca dos meios aéreos, o comandante da Proteção Civil sublinhou que se está a falar de "uma complementariedade de recursos" e que "os meios aéreos 'per se' não resolvem incêndios, assim como os meios terrestres precisam da capacidade aérea para poderem progredir no terreno".
"Nós trabalhamos com os recursos que temos à nossa disposição e claro que qualquer comandante, seja de Portugal seja de outra parte do mundo, nunca estará satisfeito com os meios que lhe são colocados à disposição, mas estamos habituados a trabalhar com o que temos. Não há, na minha opinião, contradição. Há apenas e só uma complementariedade desses recursos, uma vez que não é possível pensarmos que conseguimos fazer a extinção de um incêndio só com meios aéreos, tem que haver sempre consolidação no terreno", disse.
[Notícia atualizada às 19h56]
Leia Também: Fogo que passou de Penafiel para Gondomar evolui em duas frentes