"Acho que o país está mais bem preparado para um segundo apagão, esperemos que não aconteça, [...] penso que nos próximos três anos iremos ver melhorias no nosso sistema elétrico nacional", disse aos jornalistas Maria da Graça Carvalho.
A ministra apresentou hoje, no ministério, em Lisboa, um pacote de 31 medidas, algumas das quais já tinham sido anunciadas, para reforçar a segurança do Sistema Elétrico Nacional, três meses depois do 'apagão' de 28 de abril, que afetou a Península Ibérica.
O plano tem cinco áreas de atuação, sendo elas a resiliência e segurança do Sistema Elétrico Nacional, o planeamento de rede célere e eficaz, a aceleração das energias renováveis, a capacidade de resposta de infraestruturas críticas e a colaboração internacional.
Entre as medidas imediatas de resposta está a duplicação, a partir de janeiro, do número de centrais a prestar o serviço de arranque autónomo do sistema ('black start'), somando as centrais de Baixo Sabor e de Alqueva às da Tapada do Outeiro e de Castelo de Bode, e garantir o funcionamento da Tapada do Outeiro até 2030.
Está ainda prevista uma autorização autónoma para a REN investir 137 milhões de euros para melhorar a capacidade de operação e controlo da rede elétrica, no âmbito do Plano de Desenvolvimento e Investimento da Rede de Transporte de Eletricidade (PDIRT-E) 2025-2034, permitindo que este montante seja executado sem a necessária apreciação parlamentar do plano que prevê um total de 1.700 milhões de euros de investimento.
Entre as medidas destacadas estão também o leilão de 750 megavolt-ampere (MVA) dedicado a baterias, 25 milhões de euros em apoios para melhorar a capacidade de resposta de infraestruturas críticas e a revisão do modelo das Zonas de Grande Procura e reforço das compensações aos municípios.
"Vamos tornar a criação de zonas de grande procura mais simples e criar, desde já, uma segunda zona de grande procura para Sines e estudar a possibilidade de outras espalhadas pelo país", apontou a ministra, considerando que, desta forma, os investidores poderão ligar-se à rede "de forma simples e célere".
Ao nível de colaboração internacional, está previsto articular com Espanha a criação de um mecanismo de capacidade coordenado, que assegure segurança de abastecimento e eficiência.
Segundo Maria da Graça Carvalho, a parte mais visível desta cooperação ibérica "é a pressão conjunta junto da União Europeia para acelerar a questão das interligações", que está já a ter efeitos práticos, como, por exemplo, o empréstimo contraído pelo governo espanhol junto do Banco Europeu de Investimento (BEI) para acelerar as interligações com França.
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