Pelo menos 150 foram detidas, este sábado, em Londres, numa manifestação de apoio à Palestine Action, um grupo que foi classificado como terrorista pelo governo, no início de julho, depois de ter invadido uma base aérea britânica.
A informação foi confirmada pela Polícia Metropolitana de Londres. "Já detivemos 150 pessoas na Parliament Square. Embora muitos dos que permanecem na praça sejam jornalistas e curiosos, ainda há pessoas a segurar cartazes em apoio à Palestine Action. Os agentes estão a trabalhar continuamente entre a multidão, realizando novas detenções", lê-se numa publicação divulgada na rede social X (antigo Twitter).
O grupo Defend Our Juries, que organiza regularmente manifestações para protestar contra a proibição da Palestine Action, disse que cerca de 700 pessoas marcam presença no evento e alegaram que a polícia se preparava para a "maior detenção em massa da sua história".
Um porta-voz do Ministério do Interior disse, anteriormente, que o governo deixou "claro que a proibição da Palestine Action não tem a ver com a Palestina, nem afeta a liberdade de protestar pelos direitos palestinianos".
"Aplica-se apenas a uma organização específica e restrita, cujas atividades não refletem nem representam as milhares de pessoas em todo o país que continuam a exercer seus direitos fundamentais de protestar por diferentes questões", apontou.
Note-se que, recentemente, três pessoas foram acusadas no Reino Unido por expressarem o seu apoio ao grupo pró-palestiniano Palestine Action. Estas são as primeiras acusações associadas ao apoio público do movimento pró-palestiniano na Inglaterra e no País de Gales.
Jeremy Shippam, 71 anos, Judit Murray, 71, e Fiona Maclean, 53, foram detidos a 05 de julho durante uma manifestação na capital britânica em apoio ao grupo e devem comparecer no tribunal de Westminster, em Londres, a 16 de setembro.
Os três acusados podem ser condenados a uma pena máxima de seis meses de prisão e/ou a uma multa de até 5.000 libras (cerca de 5.700 euros, ao câmbio atual).
No início de julho, o grupo Palestine Action foi adicionado pelo governo britânico à lista de organizações consideradas "terroristas" no Reino Unido, após atos de vandalismo perpetrados por militantes, nomeadamente numa base da Força Aérea em Inglaterra.
A medida de proibição é atualmente objeto de uma ação judicial, movida por Huda Ammori, cofundadora em 2020 deste grupo que se apresentava como uma "rede de ação direta" com o objetivo de denunciar "a cumplicidade britânica" com o Estado de Israel, em particular na questão da venda de armas. A proibição foi considerada "desproporcionada" pela ONU.
A polícia já tinha avisado que os participantes da manifestação de hoje seriam detidos.
"Recomendo vivamente a qualquer pessoa que pretenda ir a Londres este fim de semana para manifestar o seu apoio à Palestine Action que reflita sobre as potenciais consequências penais dos seus atos", alertou Dominic Murphy, da Polícia Metropolitana.
Exibir um sinal de apoio a uma organização classificada como "terrorista" pode valer até seis meses de prisão, mas pertencer a tal organização ou incitar ao seu apoio pode envolver uma punição até 14 anos de prisão.
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