"A progressão do fogo está a diminuir, mas ainda estamos perante um incêndio ativo", disse à imprensa Rémi Recio, vice-presidente da Câmara de Narbonne, onde se situa a região afetada, na serra de Corbières.
O responsável especificou que continuam a ser "consideráveis" os recursos mobilizados na zona para tentar conter a propagação das chamas, embora reconhecendo que as condições meteorológicas ainda tornam a situação desfavorável.
Para o combate ao fogo estavam ao final da tarde mobilizados 1.850 bombeiros, com 600 veículos de apoio, seis hidroaviões Canadair, três bombardeiros aquáticos Dash, dois helicópteros pesados e dois ligeiros, bem como um helicóptero militar.
Além de uma morte - uma mulher com cerca de 60 anos que recusou deixar a sua casa em Saint Laurent de la Cabrerisse na noite de terça para quarta-feira -, há duas pessoas gravemente feridas que ainda estão hospitalizadas.
Entre os bombeiros, há um total de 11 feridos, de acordo com as autoridades.
"Este incêndio é um monstro", declarou o vice-presidente do município, que pediu à população que siga as instruções de segurança para não perturbar o trabalho dos bombeiros.
Sobre a onda de calor prevista em França a partir de sexta-feira, com início no sudoeste do país, tanto o autarca de Narbonne como Christophe Magny, chefe do corpo de bombeiros, observaram que o risco de incêndios florestais é multiplicado pela chamada "regra dos 30 graus", ou seja, quando se combinam níveis de humidade inferiores a 30%, temperaturas superiores a 30 graus e ventos superiores a 30 quilómetros por hora.
Magny indicou ainda que a onda de calor é um fator de risco para os bombeiros, que trabalham na zona há 48 horas.
Sobre a origem do incêndio e de quem poderá ser o responsável, havendo suspeitas de mão criminosa no fogo que começou junto a uma estrada secundária, Recio afirmou que a investigação está a cargo do Ministério Público.
Os 16.000 hectares ardidos no maciço de Corbières desde terça-feira equivalem ao que ardeu em toda a França, respetivamente, em 2019, 2020, 2021 e 2024; e são o dobro do que ardeu no país em 2023.
Até à data, o maior incêndio no país queimou 50.000 hectares de pinheiros a sul de Bordéus em 1949, uma catástrofe que também matou 82 pessoas.
O sul da Europa está a sofrer vários grandes incêndios este verão e os cientistas alertam que as alterações climáticas estão a aumentar a frequência e a intensidade do calor e da seca, tornando a região mais vulnerável às chamas.
A Europa é o continente que mais aquece no mundo, com as temperaturas a aumentarem duas vezes mais rapidamente do que a média global desde a década de 1980, de acordo com o Serviço de Alterações Climáticas Copernicus, da União Europeia (UE).
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