Numa mensagem publicada na rede social X, Jean-Noël Barrot saudou a decisão "de um Estado forte, com o monopólio da força legítima, capaz de garantir a proteção de todas as comunidades, de reconstruir um país devastado pela guerra e pela crise económica e de garantir a sua integridade territorial dentro das fronteiras acordadas com os seus vizinhos".
O governo libanês voltou a reunir-se hoje para discutir a delicada questão do desarmamento do Hezbollah, depois de o movimento xiita ter rejeitado a decisão de depor armas.
Sob pressão dos Estados Unidos e entre receios de uma intensificação dos ataques israelitas no Líbano, o governo instruiu na terça-feira o Exército para preparar um plano para desarmar o movimento islamita apoiado pelo Irão até ao final do ano.
A reunião de quinta-feira foi dedicada à revisão de um memorando apresentado pelo enviado norte-americano, Tom Barrack, incluindo um cronograma para o desarmamento.
De acordo com o ministro da Informação, Paul Morcos, o governo aprovou a introdução do texto norte-americano, mas sem discutir prazos específicos.
O enviado norte-americano elogiou o Líbano na quinta-feira pela sua decisão "histórica, ousada e justa".
Os quatro ministros xiitas presentes na reunião de hoje, incluindo dois filiados no Hezbollah, um do seu aliado, Amal, e um independente, retiraram-se antes do final da sessão em protesto contra a decisão, de acordo com a estação de televisão do movimento Al-Manar.
A ministra do Ambiente, Tamara Elzein, próxima de Amal, disse à Al-Manar que o governo "esperava primeiro consolidar o cessar-fogo e a retirada israelita, antes de poder finalizar os restantes pontos", referindo-se à proposta norte-americana.
O Hezbollah é a única fação libanesa autorizada a manter as suas armas após o fim da guerra civil (1975-1990).
O governo afirma estar a agir dentro da estrutura do cessar-fogo mediado pelos EUA, que a 27 de Novembro pôs fim a um ano de hostilidades entre o Hezbollah e Israel à margem da guerra na Faixa de Gaza.
O acordo de cessar-fogo prevê a retirada do Hezbollah da zona a sul do rio Litani e o desmantelamento das suas infraestruturas militares, em troca de um reforço do Exército libanês e de forças de manutenção da paz da ONU.
Prevê ainda a retirada israelita do sul do Líbano. No entanto, Israel mantém tropas em cinco posições fronteiriças que considera estratégicas.
Em resposta à decisão de desarmamento, o Hezbollah, enfraquecido pela guerra com Israel, acusou o governo de cometer um "pecado grave" e declarou que iria ignorar a decisão.
O porta-voz da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL, na sigla em inglês), Andrea Tenenti, anunciou hoje que as suas forças "descobriram uma extensa rede de túneis fortificados perto de Naqoura", no sul do Líbano, incluindo "vários esconderijos, peças de artilharia, múltiplos lançadores de rockets, bem como centenas de projéteis e rockets, minas antitanque e outros explosivos".
Israel, que, apesar do cessar-fogo, continua os seus bombardeamentos no Líbano, afirmando ter como alvo o Hezbollah, ameaçou intensificar as suas operações militares se o movimento não desarmar.
Os ataques israelitas mataram hoje pelo menos cinco pessoas e feriram outras dez no leste do Líbano, segundo o Ministério da Saúde libanês.
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