O acordo prevê a transferência de tecnologia da síntese do princípio ativo de ambos os medicamentos, bem como do medicamento final, para o Instituto de Tecnologia em Medicamentos, o laboratório público onde a Fiocruz produz vacinas e medicamentos distribuídos gratuitamente no Brasil.
Ambos os medicamentos, originalmente desenvolvidos para tratar a diabetes tipo 2, imitam a ação de uma hormona que estimula a produção de insulina e reduz os níveis de açúcar no sangue.
Estudos posteriores demonstraram que os dois medicamentos também são eficazes contra a obesidade, pois retardam a digestão, aumentam a sensação de saciedade e reduzem a fome.
A liraglutida, comercializada em muitos países como Saxenda, tem efeitos semelhantes aos da semaglutida, vendida sob os nomes Ozempic e Wegovy, e atualmente é amplamente utilizada no mundo para emagrecer.
De acordo com um comunicado da Fiocruz, o maior centro de investigação em saúde da América Latina, vinculado ao Ministério da Saúde, os medicamentos serão inicialmente produzidos na fábrica que a EMS possui em Hortolândia, município do estado de São Paulo, até que o processo de transferência de tecnologia seja concluído e a fabricação possa ser transferida para o Rio de Janeiro.
"Trata-se de um marco para a indústria farmacêutica brasileira. Desenvolver, registar e produzir medicamentos de alta complexidade com tecnologia 100% nacional e agora transferi-los para a Fiocruz reafirma o nosso compromisso com a inovação", disse o presidente da EMS, Carlos Sanchez, citado no comunicado.
A parceria permitirá ao Brasil reduzir a dependência de medicamentos importados e reduzir os seus preços, bem como implementar uma possível campanha para distribuir gratuitamente tratamentos contra a diabetes no sistema público de saúde.
O acordo foi anunciado um dia depois de a EMS lançar no mercado brasileiro a primeira caneta nacional para injeção de liraglutida e competir com o popular Ozempic.
Leia Também: Prescrição de Ozempic (e não só) restrita a quatro especialidades