"Consideramos este um passo positivo na direção certa para fazer justiça ao nosso povo palestiniano oprimido e apoiar o seu legítimo direito à autodeterminação", afirmou em comunicado o Hamas, baseado na Faixa de Gaza e considerado terrorista por Israel, Estados Unidos, União Europeia e vários países.
O movimento apoiado pelo Irão, que Israel combate em Gaza há quase dois anos, apela a "todos os países do mundo --- especialmente as nações europeias e aquelas que ainda não reconheceram o Estado da Palestina --- a seguirem o exemplo da França" em relação aos direitos dos palestinianos.
"Em primeiro lugar, o direito de regressar, à autodeterminação e a estabelecer o seu Estado totalmente soberano e independente nas suas terras, com Jerusalém como capital", declarou o Hamas.
A França vai reconhecer o Estado da Palestina na Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova Iorque, em setembro, anunciou hoje o Presidente Emmanuel Macron.
"Fiel ao seu compromisso histórico com uma paz justa e duradoura no Médio Oriente, decidi que a França reconhecerá o Estado da Palestina. Farei o anúncio formal na Assembleia Geral das Nações Unidas em setembro próximo", escreveu o chefe de Estado francês no X.
Macron afirma já ter manifestado ao Presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, a sua "determinação em avançar".
Para o Hamas, a posição de Macron representa "um avanço político que reflete a crescente convicção internacional sobre a justiça da causa palestiniana e o fracasso da ocupação (Israel) em distorcer os factos ou obstruir a vontade dos povos livres".
"Estas medidas internacionais representam uma pressão política e moral sobre a ocupação sionista, que continua a cometer crimes, atos de agressão, uma guerra de genocídio e fome contra o nosso povo na Faixa de Gaza", conclui o comunicado.
Até à invasão da Faixa de Gaza por Israel em outubro de 2023, na sequência do ataque do Hamas em território israelita, o movimento radical palestiniano governava o enclave.
No outro dos territórios palestinianos, a Cisjordânia, a administração tem sido exercida pela Autoridade Palestiniana.
O vice-presidente da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Hussein al-Sheikh, saudou hoje a intenção da França de reconhecer o Estado da Palestina, agradecendo a Macron.
"Esta posição reflete o compromisso da França com o direito internacional e o seu apoio aos direitos do povo palestiniano à autodeterminação e ao estabelecimento do nosso Estado independente", disse.
Desde a sua origem, o Hamas rejeita o direito de existência de Israel e apela à 'jihad' ("guerra santa") para reocupar o território que hoje constitui o Estado judaico.
A fase mais recente do conflito israelo-palestiniano foi desencadeada pelos ataques liderados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023, no sul de Israel, nos quais morreram cerca de 1.200 pessoas e mais de duas centenas foram feitos reféns, de acordo com dados das autoridades israelitas.
A retaliação de Israel já causou mais de 59 mil mortos, sobretudo civis, a destruição de quase todas as infraestruturas de Gaza e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
Além disso, incluiu a imposição de um bloqueio de bens essenciais a Gaza, como alimentos, água potável, medicação e combustível.
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, reagiu quase de imediato ao anúncio de Macron.
"Celebro que a França se junte a Espanha e a outros países europeus no reconhecimento do Estado da Palestina. Juntos, devemos proteger aquilo que [Benjamin] Netanyahu (primeiro-ministro de Israel) está a tentar destruir", publicou Sánchez no X,.
Também a Arábia Saudita celebrou a decisão "histórica" de Macron e apelou a outros países para tomarem "medidas positivas semelhantes".
"O Reino congratula-se com esta decisão histórica, que reafirma o consenso da comunidade internacional sobre o direito do povo palestiniano à autodeterminação e ao estabelecimento de um Estado independente nas fronteiras de 1967", afirmou em comunicado o Ministério dos Negócios Estrangeiros saudita.
[Notícia atualizada às 00h01]
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