"A paz é o que norteia a relação entre Brasil e Índia (...) é por isso que não aceitamos reclamações sobre a reunião dos BRICS", o grupo de países com economias emergentes, e "é por isso que não concordamos quando o Presidente dos Estados Unidos diz que vai nos impor mais tarifas", declarou Lula da Silva, em Brasília, onde recebeu o primeiro-ministro da índia, Narendra Modi.
Lula da Silva falou aos jornalistas ao lado de Modi, com quem teve uma reunião na sequência da última cimeira do BRICS, grupo de países formado Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, Irão, Arábia Saudita, Egito, a Etiópia e o Emirados Árabes Unidos, realizada no Rio de Janeiro entre domingo e segunda-feira.
Num breve discurso, o Presidente brasileiro voltou também a defender mudanças nos órgãos multilaterais globais e afirmou considerar inaceitável que o Brasil e a Índia não estejam na composição permanente do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).
Sobre a relação com a Índia, Lula da Silva declarou que "um país diverso como o Brasil tem a obrigação de manter relações políticas, culturais, económicas e comerciais com outro país tão diverso quanto a Índia", que tem "1,4 mil milhões de habitantes, é democrático e trabalha pela paz".
O Presidente brasileiro referiu ainda que o fluxo comercial entre o Brasil e a Índia está em cerca de 12 mil milhões de dólares (10,3 mil milhões de euros), montante que considerou não estar à altura das duas economias.
"Quando estive na Índia há 20 anos, tínhamos como perspetiva chegar a 15 mil milhões de dólares [de fluxo comercial]. Estamos determinados a acelerar essa meta, triplicando esse valor em curto prazo", afirmou Lula da Silva.
Já Modi enfatizou o papel do Brasil, da Índia e dos outros países do BRICS na busca por uma paz "sustentável" no mundo, que prevaleça sobre a "cultura de guerra e terrorismo", que ele condenou veementemente.
O primeiro-ministro indiano também considerou que se Brasil e Índia trabalharem em conjunto, "conseguir chegar a uma parceria de 20 bilhões de dólares não será difícil".
Modi também afirmou que índia e Brasil atuarão juntos "para a expansão do acordo comercial de referência entre a Índia e o Mercosul [bloco formado por Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia]".
"A cooperação crescente na área da Defesa reflete a nossa confiança mútua crescente. Vamos continuar os nossos esforços para conectar as nossas indústrias de defesa. A cooperação cresce também em supercomputadores e isso demonstra que as nossas visões do desenvolvimento, inclusive como também a inovação centrada em humanos, estão alinhadas", acrescentou o primeiro-ministro indiano.
Além do encontro bilateral entre seus líderes, Brasil e índia assinaram acordos de cooperação sobre o combate ao terrorismo internacional e o crime organizado, um memorando de entendimento e cooperação na área de energia renovável e um memorando de entendimento sobre cooperação na área de Soluções Digitais.
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