A minoria muçulmana alauita, da qual provém o presidente deposto Bashar al-Assad, tem sido alvo de abusos desde que este foi deposto em dezembro por uma coligação de rebeldes islâmicos sunitas liderada pelo atual presidente, Ahmad al-Sharaa.
De acordo com a organização não-governamental (ONG) OSDH, oito civis alauitas, incluindo três mulheres, foram mortos a tiro num posto de controlo de segurança na província central de Hama.
Estavam a bordo de um autocarro que foi mandado parar pelas forças de segurança num bloqueio rodoviário, de acordo com a ONG, citada pela agência France-Presse (AFP).
Estas forças primeiro dispararam contra o autocarro antes de forçar os passageiros a descer.
"Oito deles, todos civis alauitas, foram mortos a tiro e cinco ficaram feridos", acrescentou o observatório, com sede no Reino Unido mas com uma vasta rede de fontes no terreno.
Antes, o OSDH tinha noticiado que cinco alauitas foram encontrados mortos, dois dias depois de terem sido detidos perto de Damasco pelas forças de segurança.
"Os corpos de cinco jovens pertencentes à comunidade alauita foram encontrados na noite de terça-feira no Hospital al-Moujtahid, em Damasco", detalhou a ONG, acrescentando que foram "sumariamente mortos a tiro".
"Foram parados num posto de controlo quando regressavam a casa num miniautocarro depois de trabalharem num restaurante" na capital síria, acrescentou.
O motorista do autocarro ficou ferido e foi levado para o Hospital al-Moujtahid, e o paradeiro do sétimo passageiro permanece desconhecido, referiu ainda o observatório.
De acordo com a ONG, os moradores do bairro de Al-Warwar, onde os jovens viviam, tinham sido previamente informados de que estavam detidos pelas forças de segurança e que estavam "bem de saúde".
Em março, os massacres fizeram mais de 1.700 mortos, a maioria alauitas, após confrontos entre as forças de segurança e homens leais a Bashar al-Assad no oeste do país, segundo o OSDH.
Ahmad al-Sharaa, o presidente interino, prometeu processar os responsáveis pelos massacres e formou uma comissão de inquérito independente, mas as execuções sumárias e os atos de vingança ocorrem regularmente, de acordo com as denuncias destas ONG.
Após quase 14 anos de guerra na Síria, grupos armados liderados pela Organização para a Libertação do Levante (Hayat Tahrir al-Sham, HTS) - anteriormente afiliada ao grupo terrorista Al-Qaida - tomaram Damasco em 08 de dezembro e depuseram o Presidente Bashar al-Assad, que fugiu para a Rússia.
Desde 2011, a UE e os seus Estados-membros - os principais doadores de ajuda a nível mundial - mobilizaram cerca de 37 mil milhões de euros em ajuda humanitária, ao desenvolvimento, à economia e à estabilização da crise síria.
Estima-se que os anos de conflito na Síria tenham levado à deslocação de cerca de metade da população, tanto dentro como fora do país, e que o número de pessoas que necessitam de assistência humanitária tenha chegado aos 16,7 milhões de pessoas em 2024, um máximo histórico desde o início da crise em 2011.
Leia Também: Síria. Governo aceita dar à AIEA acesso a alegadas instalações nucleares