A antiga seguidora de Charles Manson, Patricia Krenwinkel, que se encontra detida há 56 anos pelo seu envolvimento no homicídio da atriz Sharon Tate, que estava grávida de oito meses, e de quatro amigos, em Los Angeles, nos Estados Unidos, poderá ser libertada após recomendação de liberdade condicional na semana passada.
Segundo relata o jornal britânico The Guardian, esta decisão é um grande vitória para a mulher de 77 anos, depois de várias tentativas recusadas de liberdade condicional.
Na sexta-feira, Patricia Krenwinkel foi considerada apta para adquirir liberdade condicional, após uma audiência de mais de quatro horas. O tribunal reconheceu o seu 'crescimento' ao longo dos anos, tendo concluído que não é um perigo para a sociedade.
No entanto, escreve o The Guardian, o processo para uma possível libertação não será fácil. Krenwinkel foi condenada por sete crimes num dos casos mais mediáticos dos Estados Unidos e, embora o tribunal tenha reconhecido a sua elegibilidade para a liberdade condicional, terá de enfrentar um processo legal politizado que impede pessoas ligadas a crimes mediáticos de 'regressar a casa'.
A Califórnia é um de dois estados norte-americano onde o governador tem também uma 'palavra a dizer', tendo a autoridade de vetar decisões de liberdade condicional. Por exemplo, o atual governador californiano, Gavin Newsom já reverteu, várias vezes, a saída da prisão de Sirhan Sirhan - culpado pelo assassinato de Robert F. Kennedy -, de Leslie van Houten - outra seguidora de Charles Manson - e a própria Patricia que, em 2022, lhe viu negada a libertação.
Vários amigos de longa data de Patricia Krenwinkel, assim como a sua equipa de defesa, relataram, em entrevistas, que a mulher sobreviveu a vários abusos e passou décadas a mudar a sua vida e a aproveitar programas.
"Temos que reconhecer que as pessoas podem e fazem mudanças. A Pat cresceu na prisão e ela é uma pessoa doce, humilde, generosa e comunicativa. O que vemos agora é a verdadeira Pat", disse uma antiga reclusa que esteve na prisão com Patricia durante cerca de 20 anos.
E continuou: "Aos 19 anos, ela foi sugada para aquele mundo louco de Charles Manson, mas isso não é quem ela é e não a deve definir. Estas mulheres estavam a viver um culto, sofreram uma lavagem cerebral e eram muito jovens".
O caso de Patricia Krenwinkel foi avançando, nos últimos anos, devido ao crescente reconhecimento do impacto dos abusos e traumas infantis com os defensores da reforma da Justiça criminal a argumentar que essas histórias devem ser tidas em conta com pessoas que cumprem penas longas de prisão por crimes graves.
De recordar, por exemplo, o caso dos irmãos Menendez, onde há uma pressão para que saiam em liberdade, tendo em contas os abusos que sofreram por parte do pai quando eram mais novos e que merecem uma oportunidade.
Patricia Krenwinkel foi condenada em 1971 pelo envolvimento que teve nos homicídios de Sharon Tata e dos amigos, assim como do casal Leno LaBianca e Rosemay. Os assassinatos aconteceram em noites diferentes.
A mulher de 77 anos, que tinha 21 quando foi presa, já mostrou remorsos sobre os casos e, numa audiência, em 2022, falou acerca dos abusos que sofreu às mãos de Charles Manson.
"Quero dizer que lamento muito por toda a dor e sofrimento que causei quando tirei aquelas vidas [...] Foco-me em ser uma pessoa melhor", disse.
Note-se, no entanto, que vários familiares de Sharon Tate já demonstraram o seu desagrado por uma possível libertação de Krenwinkel.
De recordar que Charles Manson formou e liderou uma seita chamada 'Família Manson' que cometeu vários crimes na Califórnia no final dos anos 60.
Manson foi um dos criminosos mais 'famosos' do século XX, embora nunca tenha sido ele a 'sujar as mãos', mas sim os seus seguidores. Em 1971 foi condenado por homicídio em primeiro grau e conspiração pelo assassinato de sete pessoas. Morreu, na prisão, em 2017.
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