Elisa Ferreira quer UE a procurar novos parceiros como China

A ex-comissária europeia Elisa Ferreira defendeu hoje à Lusa que a União Europeia deve repensar parcerias e procurar novos interlocutores, incluindo Pequim, para se conservar "um grande ator" no cenário internacional.

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Lusa
02/06/2025 13:02 ‧ há 2 dias por Lusa

Mundo

Elisa Ferreira

"Se há uma oportunidade em cada crise, como acho que dizem os chineses, também há uma oportunidade nesta crise da liderança dos Estados Unidos, porque nos mostrou que a Europa tem de saber por onde quer ir e não perder o controlo sobre a própria agenda, e, por outro lado, tem de diversificar parceiros no exterior", disse, em Macau, em declarações à Lusa, a ex-ministra portuguesa, após uma conferência no consulado-geral de Portugal.

 

Elisa Ferreira sublinhou, durante a sessão na representação diplomática, a importância do entendimento entre Estados Unidos e Europa desde o pós-Segunda Guerra, no entanto, considerou a estabilidade dessa aliança "muito ameaçada" e que há "nos EUA preocupações que têm de ser tomadas em conta".

Desde que regressou ao poder, em janeiro de 2025, Donald Trump recorreu a uma política de imposição de direitos aduaneiros sobre as importações para os Estados Unidos, utilizando as tarifas como instrumento de negociação com os parceiros comerciais de Washington. A imposição das taxas gerou ondas de choque na economia global, levou a retaliações e agitou mercados financeiros.

Neste contexto de instabilidade, a China "tem de ser um grande parceiro", considerou a académica.

"A China é uma grande potência. Acho que sempre foi latente, agora afirma-se completamente, sobretudo nas áreas de futuro, em matérias de novas tecnologias digitais e ambientais", afirmou à Lusa a ex-ministra do Ambiente (1995-1999) e do Planeamento e do Ordenamento Territorial (1999-2002) nos governos de António Guterres.

"Durante muito tempo, a Europa queria ser um impulsionador das novas tecnologias de energias limpas, de poupança energética, etc.; acho que a China, quando define fazer uma coisa, quando se determina, quando se organiza, acelera com uma velocidade imparável", notou.

Neste momento, é preciso voltar atrás e reaprender lições do pós-Segunda Guerra, disse ainda a académica, sublinhando a capacidade dos Estados, nesse período histórico, de se sentarem "à mesma mesa, em encontros internacionais, onde estabilizaram o sistema monetário, criaram o Banco Mundial e estabilizaram as correntes comerciais".

"O mundo mudou, as fontes de competitividade mudaram, mas acho que, como dizia [a presidente da Comissão Europeia] Ursula von der Leyen, a Europa tem de se manter unida, tem de se manter firme, e tem de encontrar outros parceiros", defendeu.

Em Macau a convite do Instituto de Estudos Europeus, Elisa Ferreira inaugurou hoje o ciclo "Conversas no Consulado", com a conferência "Portugal: Dos sucessos do Portugal democrático às encruzilhadas do presente".

Formada em Economia e docente na Universidade do Porto, a responsável foi deputada à Assembleia da República (2002-2004) e ao Parlamento Europeu (2004-2016), além de comissária europeia para a Coesão e Reforma (2019-2024).

Leia Também: UE tem de ser "muito mais vocal" sobre Israel em Gaza

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