José Pedro Aguiar-Branco falava aos jornalistas após ter participado na sessão de boas-vindas e inaugurado a exposição "40 anos de Portugal Europeu" no Centro Interpretativo da Assembleia da República.
Na terça-feira, na primeira sessão da presente Legislatura, José Pedro Aguiar-Branco foi reeleito presidente da Assembleia da República com 202 votos favoráveis em 230, obtendo a segunda maior votação de sempre em democracia.
Porém, na mesma votação, os deputados do Chega Diogo Pacheco Amorim e Filipe Melo não atingiram os 116 votos necessários para serem eleitos respetivamente vice-presidente e vice-secretário da Assembleia da República, o que levou o líder do Chega, André Ventura, a falar em "traição".
Perante os jornalistas, José Pedro Aguiar-Branco começou por afirmar que, do ponto de vista pessoal, a votação que recebeu traduz "um acréscimo de responsabilidade" em relação ao exercício das suas funções.
"Significa que sou depositário de uma confiança grande por parte dos deputados em relação ao que esperam de mim, com exemplo também do que foi o meu mandato anterior", disse, apontando então características como o respeito pelas ideias de cada deputado, a urbanidade no exercício do debate democrático e o objetivo de reforçar a capacidade para se chegar a consensos.
Já no que respeita à eleição falhada de dois deputados do Chega, o antigo ministro social-democrata afirmou que "desejava que esse episódio não tivesse acontecido", esperando agora que na segunda votação, marcada para o próximo dia 18, essa situação de impasse seja "superada".
"Acredito que assim será e espero que isto também não seja uma situação que venha a perturbar outros consensos que possam ser necessários fazer, sobretudo relativamente a matérias que impactam muito em relação ao que os portugueses esperam do parlamento. Portanto, era melhor não tivesse acontecido esse episódio, aconteceu e espero que não volte a acontecer, que seja superado e que possamos dar a estabilidade e a normalidade democrática que as pessoas desejam", acentuou o presidente da Assembleia da República.
Interrogado se acredita num amplo consenso político para que os investimentos em Defesa atinjam os 2% do PIB (Produto Interno Bruto) ainda este ano, como referiu o primeiro-ministro, Luís Montenegro, na quinta-feira, no seu discurso de posse como líder do executivo, José Pedro Aguiar-Branco manifestou-se otimista.
"Penso que há um largo consenso na sociedade portuguesa sobre matérias associadas à Defesa, à nossa segurança coletiva, num mundo que está perigoso, que está exigente", sustentou.
A atual conjuntura internacional, na perspetiva do presidente da Assembleia da República, "obriga cada um dos países a reforçar os contributos para a área da Defesa, nomeadamente no quadro da União Europeia ou da NATO".
"É uma realidade que merece um larguíssimo consenso na sociedade portuguesa e entre os políticos representados na Assembleia da República. Portanto, acredito que vai ser possível chegarmos a consensos nessa matéria. Até estou otimista de que essa será uma das matérias em que talvez com maior facilidade seja possível encontrar esses consensos - e o meu papel, enquanto presidente da Assembleia da República, será o contribuir para que isso aconteça", acrescentou.
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