A Câmara de Salvaterra de Magos e a Junta de Freguesia de Marinhais defendem que "a tradição é para manter" e não parecem estar arrependidas de terem antecipado em uma hora o lançamento do fogo de artifício (para as 23h30 de sábado), devido à situação de alerta anunciada pelo Governo, que entrou em vigor à meia noite de domingo - e que proíbe o lançamento de pirotecnia.
Sabe-se agora que se registaram cinco focos de incêndio no perímetro do lançamento do fogo de artifício em Marinhais.
A informação foi revelada à SIC pelo comando Sub Regional da Lezíria do Tejo, que assegura que os focos foram extintos pelos bombeiros de Salvaterra de Magos que estavam mobilizados para o evento.
Recorde-se que, na sexta-feira, depois de o Governo ter declarado que iria decretar situação de alerta, a organização das festas daquela vila, situada no concelho de Salvaterra de Magos, decidiu antecipar o fogo de artifício das suas festas locais para as 23h30 de sábado, fugindo assim às proibições inerentes à situação de alerta - que começavam à meia-noite.
A informação foi partilhada com os munícipes através das redes sociais, onde gerou múltiplas críticas. "Noção procura-se", "chico espertismo à portuguesa", "uma verdadeira vergonha" e "ganhem juízo" são apenas alguns dos comentários deixados na publicação que, apesar de não ter sido retirada, deixou de conter a caixa de comentários.
Já depois das festas, o presidente da Câmara de Salvaterra de Magos agradeceu à Comissão de Festas pela "qualidade do fogo de artifício" e pelo "rigoroso cumprimento das condições dos pareceres da Proteção Civil, dos Bombeiros e da GNR".
Numa publicação onde destaca "um festejo em ambiente urbano que honra a tradição, a história e a lei", o autarca Helder Manuel Esménio partilhou uma imagem, onde se lê: "Se há pessoal a falar mal de ti é porque estás a fazer alguma m*** bem...", não apresentando qualquer arrependimento da decisão de ter mantido o espetáculo de fogo de artifício, contornando as regras inerentes à situação de alerta.
Uma opinião corroborada pela vice-presidente da Junta de Freguesia de Marinhais que, em declarações à CNN, assegura que "tudo foi feito dentro da legalidade, cumprindo tudo o que era necessário pela Proteção Civil".
"Nós estamos numa zona onde não existe mato, floresta, podemos lançar fogo porque nunca, em 57 anos que eu vivo nesta terra, houve um fogo gerado pelas festas ou pela comissão de festas", afirmou àquela estação Honorina Pinto.
Segundo a vice-presidente, a "tradição é para manter" e Marinhais não vai deixar de festejar com fogo de artifício: "As nossas festas são sempre em agosto e há anos lançou-se o fogo um dia mais tarde por essa situação [de alerta] ocorrer, mas tudo esteve controlado e tudo correu bem. Não vamos deixar de fazer as festas desta maneira."
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