O jornalista ambiental norte-americano, Alec Luhn, que esteve desaparecido durante seis dias no Parque Nacional Folgefonna, na Noruega, revelou que para sobreviver bebeu da sua urina, do seu sangue e comeu vegetação.
Luhn, de 38 anos, estava a fazer uma caminhada pelo parque Folgefonna quando caiu e partiu o fémur em dois sítios, fraturou a pélvis e meia dúzia de vértebras, no dia 31 de julho.
"Eu dei um passo em falso. Não me lembro exatamente do que aconteceu, mas dei um passo e escorreguei", disse o jornalista ao Washington Post.
Durante a queda, Alec Luhn perdeu o telemóvel, a sua garrafa de água e grande parte da sua comida.
"Lembro-me de pensar: 'Isto é muito mau. Isto é o início de um filme de terror'", relatou numa outra entrevista.
Alec Luhn contou também que perdeu a consciência durante a queda, e quando recuperou os sentido percebeu a extensão dos seus ferimentos.
"O meu pé esquerdo estava a balançar. Eu estava imobilizado", notou.
O jornalista, que se encontrava sozinho e sem telemóvel, decidiu então começar a racionar a comida que ainda tinha, enquanto ia comendo também alguma da vegetação que tinha junto a si. Depois de dois dias sem água, o desespero começou a falar mais alto.
"Estava tão desesperado por qualquer tipo de líquido que estourei uma bolha da minha mão e bebi sangue", começou por dizer, acrescentando que se lembrava dos avisos que lhe davam na sua infância acerca de estar três dias sem beber água poderia ser fatal.
Ainda que relutante, Alec urinou para uma bolsa de água - que estava vazia - e foi bebendo pequenas quantidades para sobreviver.
No terceiro dia, começou a chover e, por isso, o jornalista aproveitou cada gota que caía para beber e guardar. No entanto, a chuva também trouxe o frio, tendo o homem lutado para se manter quente num abrigo que havia improvisado.
Contou ainda que passou muito tempo "a pensar na mulher e na família" e sobre o quão "estúpido" se sentia por poder morrer naquele sítio sozinho, porque tinha decidido fazer uma caminhada.
Entretanto, em tom de brincadeira, a mulher de Alec afirmou que ele estava "proibido" de fazer caminhadas sozinho.
Recorde-se que Alec Luhn foi dado como desaparecido depois de não ter apanhado o voo para o Reino Unido a partir de Bergen. O alerta do seu desaparecimento foi dado pela sua mulher.
Luhn trabalhou para o New York Times e a Atlantic, tendo sido também correspondente regular do The Guardian na Rússia, de 2013 a 2017.
O jornalista estava de férias com a irmã na Noruega e partiu sozinho para uma caminhada de quatro dias, em 31 de julho.
As buscas tiveram de ser suspensas várias vezes devido à rápida deterioração das condições meteorológicas, mas esta quarta-feira chegaram as boas notícias.
Segundo o The Guardian, Luhn é um alpinista experiente, está em boa forma física e estava bem equipado para esta aventura.
O jornalista já foi distinguido com inúmeros prémios e tem duas nomeações para os Emmy. Atualmente, vive no Reino Unido, onde se especializou em jornalismo climático e é membro da Pulitzer Center Ocean Reporting Network.
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