Schoof reconheceu que as demissões "exigem uma deliberação mais profunda sobre a situação política resultante", segundo uma mensagem que publicou nas redes sociais, citada pela agência de notícias espanhola EFE.
O primeiro a anunciar a demissão na sexta-feira foi o ministro dos Negócios Estrangeiros, Caspar Veldkamp, do partido de centro-direita NSC.
Veldkamp disse aos jornalistas no final do conselho de ministros que sentia "resistência dentro do gabinete à tomada de mais medidas relacionadas com o que está a acontecer na cidade de Gaza e na Cisjordânia".
Os outros membros do governo que se demitiram ocupavam as pastas do Interior, Educação e Saúde, que foram acompanhados por quatro secretários de Estado.
"Devemos respeitar estas decisões, mas lamentamo-las profundamente. Especialmente à luz da responsabilidade que o gabinete tem nesta fase de transição", afirmou o primeiro-ministro interino.
Schoof disse que, após um debate intenso no conselho de ministros sobre a situação em Gaza, não se chegou a nenhuma conclusão entre os três partidos que formam a coligação.
"O agravamento constante da situação em Gaza é dramático. Todos estamos plenamente conscientes disso. Todos vemos o imenso sofrimento e todos preferiríamos que a situação humanitária melhorasse o mais rapidamente possível", afirmou.
"No entanto, esta observação não conduziu ontem [sexta-feira] a uma conclusão conjunta entre as três partes", explicou.
O chefe da diplomacia prometeu na quinta-feira ao parlamento apresentar medidas adicionais contra Israel, mas não se coordenou a nível político com os outros membros do executivo.
A coligação integra os liberais de direita do VVD e os agricultores do BBB, que se recusam a endurecer a postura contra Israel.
Dick Schoof demitiu-se do cargo em junho, depois de a coligação ter sido dissolvida ao fim de 11 meses com a saída do partido de extrema-direita PVV, de Geert Wilder, por divergências sobre políticas de migração.
As eleições foram antecipadas para 29 de outubro, e Schoof, que não tem filiação partidária, aceitou permanecer em funções interinamente.
"O gabinete informará o parlamento sobre o assunto o mais rapidamente possível. Entretanto, continuaremos a fazer tudo o que for necessário no interesse do país", afirmou hoje Schoof.
A ONU declarou na sexta-feira uma situação de fome na província de Gaza, uma das cinco do território palestiniano da Faixa de Gaza, alvo de uma ofensiva militar israelita há quase dois anos.
É a primeira vez que é declarada oficialmente a fome no Médio Oriente.
A ONU alertou que a situação de fome deverá alargar-se às províncias de Deir el-Balah (centro) e Khan Younis (sul) até ao final de setembro.
A ofensiva israelita foi desencadeada pelo ataque do grupo extremista Hamas no sul de Israel em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e o rapto de 250 pessoas, levadas para Gaza como reféns.
A ofensiva israelita provocou mais de 62.260 mortos em Gaza, a maioria civis, de acordo com dados do Ministério da Saúde de Gaza, considerados fiáveis pela ONU.
Israel, Estados Unidos e União Europeia consideram o Hamas, que controla a Faixa de Gaza desde 2027, como uma organização terrorista.
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