A operação, para a qual Israel mobilizou hoje 60.000 reservistas, "levará a região a uma guerra permanente", disse Macron após conversas telefónicas com o homólogo egípcio, Abdel Fattah al-Sissi, e o rei Abdullah da Jordânia.
Macron, que retomou os termos de um aviso que fez há 10 dias, defendeu novamente nas redes sociais uma "missão de estabilização internacional" principalmente com o Egito e a Jordânia, noticiou a agência France-Presse (AFP).
O novo aviso surge na sequência da decisão do ministro da Defesa israelita, Israel Katz, de aprovar o plano de ataque do exército à cidade de Gaza e de ordenar a mobilização de reservistas para a operação.
A decisão surge no dia seguinte a uma proposta de trégua negociada pelo Egito e pelo Qatar que prevê um cessar-fogo de 60 dias e a libertação dos reféns ainda detidos em Gaza em duas fases.
A proposta foi aceite pelo grupo extremista palestiniano Hamas, cujo ataque em Israel em 07 de outubro de 2023 desencadeou a guerra em curso na Faixa de Gaza.
O Governo israelita continua a exigir a libertação de todos os reféns como condição prévia para o cessar-fogo.
Macron defende um processo que passe primeiro por um cessar-fogo permanente, a libertação dos reféns, o envio de ajuda humanitária e o desarmamento do Hamas, acompanhado pelo envio de uma "missão de estabilização internacional".
O Presidente francês comprometeu-se a reconhecer o Estado da Palestina na próxima Assembleia-Geral das Nações Unidas, em setembro, no que foi seguido por uma dezena de países.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, afirmou na terça-feira que essa vontade de reconhecer o Estado palestiniano alimentava "o fogo antissemita" em França.
Macron respondeu a denunciar uma análise "errada e abjeta", sinal de que as relações entre os dois países estão no ponto mais baixo.
A França vai copresidir com a Arábia Saudita à conferência sobre a solução de dois Estados, Israel e Palestina, marcada para setembro, em Nova Iorque.
"Esta é a única saída credível: para as famílias dos reféns, para os israelitas e para os palestinianos igualmente", escreveu Macron nas redes sociais, também citado pela agência de notícias espanhola Europa Press.
Na conversa com Macron, o rei jordano defendeu a "necessidade de intensificar os esforços para alcançar um cessar-fogo em Gaza e acalmar a situação na Cisjordânia", segundo Amã.
Abdullah destacou a "importância de garantir um fluxo ininterrupto de ajuda humanitária a todas as zonas" do enclave palestiniano.
"O rei reiterou a rejeição da Jordânia às declarações israelitas sobre um 'Grande Israel'", segundo um comunicado divulgado pela agência de notícias jordana Petra.
Também rejeitou os planos israelitas para "consolidar a ocupação em Gaza e expandir o controlo militar", bem como "as medidas unilaterais na Cisjordânia, incluindo o plano de colonatos".
Abdullah e Al-Sisi concordaram com a posição de Paris de que "a única forma de alcançar uma paz justa e duradoura na região é através da solução de dois Estados".
Nesse sentido, ainda segundo a Petra, valorizaram a intenção do reconhecimento do Estado da Palestina como "um passo para dar mais apoio aos palestinianos e alcançar a estabilidade na região".
A ofensiva israelita em Gaza de resposta ao ataque de 07 de outubro de 2023 causou mais de 62.100 mortos, segundo dados do governo do Hamas, que controla o território desde 2007.
O ataque sem precedentes liderado pelo Hamas no sul de Israel provocou 1.200 mortos e 250 reféns.
O grupo extremista, que Israel prometeu erradicar após o ataque de outubro, é qualificado como uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia.
[Notícia atualizada às 15h55]
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