"É um exemplo flagrante de que é um Governo que se impõe pelas armas. Sem as armas, não tem discurso. Sem as armas, não tem política. Sem as armas, não tem ideias. Portanto, é a única leitura que eu posso fazer", disse o político, que não reconhece os resultados das eleições gerais de 09 de outubro, em declarações à Lusa, já depois de sair do aeroporto de Maputo.
O ex-candidato presidencial esteve algumas semanas na Europa, em contactos em Portugal e na Alemanha, e anunciou que chegaria ao aeroporto internacional de Maputo esta tarde, tendo sido recebido por várias dezenas de apoiantes, cerca das 15:30 locais (menos uma hora em Lisboa), com cânticos de "salve Moçambique, este país é nosso", tal como na campanha eleitoral e nas manifestações pós-eleitorais.
Pelas 16:00 locais, o político, envolvido por uma moldura humana e com vários meios da polícia posicionados no interior e nas avenidas adjacentes ao aeroporto, deixou o local, em direção a casa, no centro de Maputo, percurso em que foi escoltado por várias viaturas da Unidade de Intervenção Rápida (UIR), que realizaram mais de uma dezena de disparos de gás lacrimogéneo ao longo dos 10 minutos de viagem, enquanto apoiantes se concentravam nas ruas ao ver Venâncio Mondlane no tejadilho da viatura, perante um trânsito quase bloqueado.
"É, de facto, um reconhecimento de que este Governo não tem legitimidade nenhuma. Este Governo não tem base social absolutamente nenhuma. Este Governo está distanciado do povo e a única forma que eles têm de fazer política, ao invés de apresentar políticas públicas alternativas que respondam às necessidades do povo, a única forma que eles se posicionam na política é com base no campo das armas", criticou ainda.
Leia Também: Constitucional moçambicano diz que prazo sobre partido de Venâncio não esgotou