Israel anuncia "cidade humanitária" para concentrar habitantes de Gaza

O ministro da Defesa israelita anunciou hoje uma "cidade humanitária" para concentrar a população da Faixa de Gaza, ao mesmo tempo que o Exército disse estar "muito perto de um ponto de decisão" militar no enclave palestiniano.

Israel Katz

© AHMAD GHARABLI/AFP via Getty Images

Lusa
07/07/2025 21:03 ‧ há 5 horas por Lusa

Mundo

Médio Oriente

Israel Katz indicou, em conferência de imprensa divulgada pelos meios de comunicação social israelitas, que deu ordens às forças armadas para desenvolver um plano que visa concentrar a população palestiniana em Rafah, no sul do território devastado por 21 meses de guerra.

 

Numa primeira fase, a "cidade humanitária" poderá acolher cerca de 600 mil pessoas da zona de Al-Mawasi, na zona costeira sul da Faixa de Gaza, e deslocadas de outras partes do enclave, explicou o ministro.

Os habitantes da Faixa de Gaza só teriam acesso ao local depois de registados e rastreados para impedir a entrada de membros do grupo islamita palestiniano Hamas e, uma vez lá dentro, já não podiam sair.

O objetivo é transferir toda a população civil palestiniana para este tipo de instalações, que seriam vigiadas a uma certa distância pelos militares israelitas e geridas por organizações internacionais, com quatro novos pontos de distribuição de ajuda humanitária.

Katz assinalou que, em última análise, o objetivo é incentivar a população palestiniana a "emigrar voluntariamente" para fora da Faixa de Gaza.

Este plano "deve ser cumprido", sublinhou.

Se for alcançado um acordo com o Hamas para a libertação dos reféns e uma trégua de 60 dias, o ministro da Defesa disse que Israel vai manter a presença no chamado Corredor Morag, a norte de Rafah, e que a construção da "cidade humanitária" terá início dentro desse prazo.

O plano parece ter correspondência com documentos entretanto divulgados sobre a criação de "Zonas de Trânsito Humanitário", nas quais a população seria alojada com vista à saída da Faixa de Gaza, após ter sido "desrradicalizada".

O ministro da Defesa afastou a gestão deste tipo de zonas por Israel, mas as principais organizações internacionais já se pronunciaram no sentido de recusar um sistema na prática controlado por Telavive.

Atualmente, apenas a controversa Fundação Humanitária de Gaza (GHF), apoiada por Estados Unidos e Israel, opera em conjunto com os militares israelitas, mas também já sinalizou que não pretende colaborar com qualquer projeto de "Zonas de Trânsito Humanitário".

Katz salientou ainda que Israel já controla 70% da Faixa de Gaza, no dia em que o comandante das forças israelitas afirmou estar "muito perto de um ponto de decisão" no conflito com o Hamas.

Numa visita à cidade de Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, Eyal Zamir declarou junto das suas tropas no local que as conquistas "são impressionantes".

Segundo o chefe militar, os soldados israelitas estão a "criar novas oportunidades", em discussão a nível político, numa alusão às negociações em curso no Qatar de um cessar-fogo na Faixa de Gaza e ao encontro previsto para hoje em Washington do Presidente norte-americano, Donald Trump, com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.

No entanto, Zamir destacou que os objetivos do Exército não mudaram, elencando a devolução dos reféns, a derrota do Hamas e o regresso em segurança a casa das comunidades israelitas deslocadas.

"Não temos qualquer intenção de desistir de nenhum destes objetivos", frisou o comandante militar, referindo também que a estrutura de força implantada na Faixa Gaza é "suficiente para cumprir a missão".

A proposta de cessar-fogo em discussão envolve uma pausa nos combates de 60 dias, durante os quais o Hamas libertaria 10 reféns vivos e 18 mortos, em troca de um número indeterminado de prisioneiros palestinianos nas cadeias israelitas.

Durante aquele período, seria também permitido o reforço da ajuda humanitária à população do território e ambas as partes negociariam os termos do fim definitivo do conflito.

Os pontos de discórdia constantes estão relacionados justamente com o fim da guerra por completo e a retirada das forças israelitas do território por uma lado, e a rendição e a extinção do Hamas por outro.

Em meados de março, Israel violou o acordo anterior e relançou a ofensiva na Faixa de Gaza, intensificando-se nas últimas semanas.

O conflito em curso foi desencadeado em 07 de outubro de 2023, após um ataque do Hamas em solo israelita, que fez cerca de 1.200 mortos, na maioria civis, e mais de 200 reféns.

Em retaliação, Israel lançou uma vasta operação militar na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 57 mil mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, a destruição de quase todas as infraestruturas do território e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.

Leia Também: Ministro da Defesa de Israel ameaça líder do Hezbollah

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas