Desde 31 de maio de 2024, os rebeldes detiveram 13 funcionários das Nações Unidas e pelo menos 50 trabalhadores de organizações da sociedade civil iemenitas e internacionais, disseram a HRW e a AI num comunicado.
As vagas de detenções recomeçaram no final de janeiro, quando os hutis detiveram mais oito funcionários da ONU, o que levou a organização a anunciar a suspensão nas áreas controladas pelos rebeldes.
"As detenções arbitrárias de trabalhadores humanitários pelos hutis têm um impacto direto na prestação de assistência vital a pessoas com necessidades urgentes", afirmaram a HRW e a AI, citadas pela agência de notícias espanhola EFE.
As duas organizações consideram alarmante que muitas das pessoas estejam detidas há quase um ano "simplesmente por terem feito o trabalho de prestar assistência médica e alimentar, ou de promoção dos direitos humanos, da paz e do diálogo".
Os hutis apenas libertaram até à data um membro do pessoal da ONU, cinco funcionários de organizações não-governamentais (ONG) e um trabalhador de uma missão diplomática.
Pelo menos 50 pessoas continuam detidas atualmente "sem acesso adequado a advogados ou às famílias, e sem qualquer acusação", denunciaram a HRW e a AI no comunicado conjunto.
Recordaram ainda a morte em fevereiro de um funcionário do Programa Alimentar Mundial (PAM) sob custódia dos hutis para manifestar preocupação "quanto à segurança e bem-estar das pessoas detidas arbitrariamente em centros de detenção geridos pelos rebeldes".
Para a HRW e a AI, as detenções fazem parte de um "ataque mais amplo" ao espaço cívico, porque foram acompanhadas por uma campanha mediática a acusar as organizações humanitárias de conspirarem contra os interesses dos rebeldes e dos iemenitas.
A campanha alertava também para a espionagem que estaria a ser feita pelos trabalhadores humanitários.
Desde 2015, a Amnistia Internacional documentou dezenas de casos em que as autoridades hutis apresentaram acusações de espionagem para perseguir opositores políticos e silenciar a dissidência pacífica.
Os rebeldes xiitas controlam parte do Iémen, um país do sudoeste da Península da Arábia devastado por uma guerra civil iniciada em 2014.
Os hutis integram o chamado "eixo de resistência" contra Israel liderado pelo Irão e de que fazem parte outros grupos radicais, como o Hamas palestiniano e o Hezbollah libanês.
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