"A quinta ronda de negociações entre o Irão e os Estados Unidos terminou hoje em Roma com progressos inconclusivos. Esperamos esclarecer as questões pendentes nos próximos dias para avançar para o objetivo comum de alcançar um acordo sustentável e honroso", declarou Al-Busaidi, numa mensagem publicada na rede social X.
O chefe da diplomacia omani, que está a desempenhar o papel de intermediário entre os dois adversários, não indicou, no entanto, uma data para as novas conversações, depois destas hoje realizadas na residência do embaixador de Omã em Roma.
A sua mensagem surgiu depois de o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Ismail Baghaei, ter anunciado que o enviado especial dos Estados Unidos para o Médio Oriente, Steve Witkoff, tinha abandonado a quinta ronda, mas que as conversações prosseguiam entre técnicos dos dois países.
Baghaei disse à agência noticiosa oficial iraniana IRNA que Witkoff abandonou o encontro porque tinha "um voo marcado" e que as conversações prosseguiam entre técnicos das duas partes "numa atmosfera profissional e calma".
Os dois países chegaram a esta nova ronda de negociações muito afastados pelas divergências quanto ao enriquecimento de urânio do Irão, que Washington quer ver suspenso e Teerão insiste em manter.
Os Estados Unidos indicaram o "enriquecimento zero" do Irão como a sua "linha vermelha", ao passo que o Irão afirma que não haverá acordo se tal exigência se mantiver, algo que o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano e negociador-chefe, Abbas Araqchi, reiterou hoje novamente na rede social X, antes de partir para Roma.
Apesar destas tensões, o Presidente norte-americano, Donald Trump, considera que o diálogo nuclear com o Irão está a avançar "na direção certa", declarou na quinta-feira a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt.
Os Estados Unidos e o Irão iniciaram as negociações a 12 de abril e tinham realizado a 11 de maio a sua última reunião, que ambas as partes descreveram como "encorajadora" e "útil".
Em 2018, Trump retirou unilateralmente os Estados Unidos do histórico acordo nuclear de 2015, que limitava o programa atómico do Irão em troca do levantamento de sanções, e voltou a impor sanções económicas a Teerão, tendo desde então a República Islâmica aumentado as suas atividades nucleares.
O Presidente norte-americano reiterou ameaças militares ao país persa caso não alcancem um novo acordo.
Hoje, o ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE) iraniano, Abbas Araqchi, afirmou que existe "uma possibilidade de progresso" nas negociações nucleares com Washington, após uma reunião de quase quatro horas na capital italiana.
O chefe da diplomacia iraniana e principal negociador nuclear disse que as negociações são "demasiado complexas" para serem resolvidas em poucas reuniões e que em futuras reuniões poderão chegar a "possíveis soluções".
"Ainda não chegámos a essa fase", afirmou contudo, acrescentando que o ministro dos Negócios Estrangeiros de Omã, mediador do processo negocial, apresentou soluções e ideias.
Washington e Teerão concordaram dar a sua opinião sobre as ideias propostas, segundo o ministro iraniano, e a data e o local da próxima ronda de negociações serão futuramente anunciados.
Segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, Antonio Tajani, esta quinta ronda negocial sobre o programa nuclear iraniano "foi construtiva".
"Não vou falar sobre pormenores das negociações" entre o Irão e os Estados Unidos, "mas parece-me que todas as partes consideram que foi uma reunião construtiva que, no entanto, não levou ainda a uma conclusão das negociações", declarou Tajani, também vice-primeiro-ministro italiano.
"É evidente que ainda há elementos sobre os quais não há acordo. Estamos a trabalhar para que esse acordo possa ser alcançado", indicou.
"Obviamente que todos devem fazer um esforço, a começar pelo Irão, que tem o problema da arma atómica: o MNE iraniano sempre me disse que Teerão não quer construir a bomba atómica, mas isso deve ser uma garantia não só para hoje como também para o futuro", sublinhou o chefe da diplomacia italiano.
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