Numa nota hoje divulgada à imprensa, o Conselho Europeu informa que o antigo primeiro-ministro português estará na próxima semana em Brasília e São Paulo, numa deslocação que "marca uma dinâmica política renovada nas relações UE-Brasil e reflete a importância do Brasil como parceiro estratégico fundamental".
Está previsto que, durante a visita, António Costa se reúna com o Presidente do Brasil, Lula da Silva, com quem vai discutir "o contexto geopolítico mundial e a forma de maximizar os benefícios do Acordo UE-Mercosul [Mercado Comum do Sul]", cujas negociações foram concluídas em dezembro passado, refere-se na mesma nota.
Centrado no reforço da cooperação política, económica e setorial, o encontro servirá também para abordar a próxima presidência brasileira da COP30 e as prioridades bilaterais e mundiais, incluindo o combate às alterações climáticas e a promoção do comércio, transições ecológica e digital e matérias-primas essenciais.
António Costa participará também no fórum inaugural de investimento UE-Brasil para lançar formalmente um diálogo para "investimentos sustentáveis e de elevada qualidade".
Citado pelo comunicado, o líder da instituição que junta os chefes de Governo e de Estado da União destaca que "o Brasil não é apenas um amigo próximo, é um parceiro estratégico para a UE, um interveniente global e um aliado fundamental na promoção da democracia, do multilateralismo e na construção de um mundo mais justo e sustentável".
"Numa altura em que estes valores são postos em causa a nível mundial, é ainda mais crucial que países como o Brasil e a União Europeia se unam para os defender", sublinha o responsável, falando numa "oportunidade para aprofundar a cooperação e continuar a trabalhar" em conjunto.
O Brasil é parceiro estratégico da UE desde 2007.
A UE é o segundo maior parceiro comercial do Brasil e o seu maior investidor estrangeiro, com mais de 300 mil milhões de euros de investimento direto.
Após relações diplomáticas tensas aquando da Presidência de Jair Bolsonaro, quando Lula da Silva voltou ao cargo, em 2023, os laços UE-Brasil ganharam novo dinamismo, sendo que a conclusão das negociações do acordo UE-Mercosul, em dezembro de 2024, veio dar um novo impulso.
Este acordo é especialmente atrativo para o bloco comunitário neste momento, face às tensões comerciais com os Estados Unidos.
A UE e os países do Mercosul chegaram, no final do ano passado, a acordo político para aquele que será o maior acordo comercial e de investimento do mundo, que servirá um mercado de 700 milhões de consumidores, no âmbito do reforço da cooperação geopolítica, económica, de sustentabilidade e de segurança.
Após o acordo político, cabe agora à Comissão Europeia, que detém a competência da política comercial da UE, apresentar uma proposta ao Conselho e ao Parlamento para assinatura e conclusão, o que se espera que aconteça este verão.
O texto desse acordo foi finalizado em 2019, após 20 anos de negociações, mas nessa altura não teve seguimento.
O acordo UE-Mercosul abrange os 27 Estados-membros da UE mais Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, o equivalente a 25% da economia global e 780 milhões de pessoas, quase 10% da população mundial.
Leia Também: Lula da Silva congratula Carney pela vitória eleitoral no Canadá