Esta terça-feira, 22 de julho, a Coca-Cola confirmou que o refrigerante passará a ser adoçado com açúcar de cana produzido nos Estados Unidos.
O anúncio surgiu depois de, na passada quarta-feira, o presidente Donald Trump ter dado conta de que a empresa começaria a usar açúcar de cana nas bebidas vendidas no país.
"Como parte da sua estratégia de inovação contínua, neste outono, nos Estados Unidos, a empresa planeia lançar uma oferta feita com açúcar de cana dos Estados Unidos, para expandir a sua gama de produtos da marca Coca-Cola. Esta adição foi concebida para complementar o forte portfólio principal da empresa e oferecer mais opções para diferentes ocasiões e preferências", lê-se num comunicado divulgado na terça-feira pela entidade.
Porém, não ficou claro se esta mudança se traduzirá num novo produto, tampouco há quanto tempo está a ser desenvolvida uma nova receita. A data de lançamento da bebida também não foi divulgada.
A Coca-Cola produzida no mercado norte-americano é normalmente adoçada com xarope de milho, enquanto no México e noutros países europeus, como Portugal, é usado açúcar de cana.
Mas haverá diferenças para a saúde entre o xarope de milho e o açúcar de cana?
De acordo com especialistas, citados pelo G1, a resposta é: não. O xarope de milho é rico em frutose, enquanto o açúcar de cana é rico em sacarosa, ambos prejudiciais para a saúde quando ingeridos em excesso, especialmente em refrigerantes.
"Na prática, a troca de xarope de milho por açúcar de cana não representa uma mudança significativa em termos de impacto nutricional. Ambos continuam a ser fontes de calorias vazias, com alto teor de açúcar e baixo valor nutritivo", indica a nutricionista Lívia Horácio, citada pela referida publicação.
De forma geral, o excesso de açúcar na alimentação está associado a um maior risco de obesidade, diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, acumulo de gordura no fígado e até alterações no metabolismo cerebral.
Ao comparar os dois tipos de açúcar, a frutose tem sido mais associada a alterações metabólicas do que a sacarose, embora todo os açúcares em excesso sejam prejudiciais.
Os nutricionistas citados explicam que o xarope de milho e o açúcar de cana são formas de açúcar simples e, quando consumidos com exagero, trazem riscos à saúde. Mas os dois tipos de açúcar não são idênticos.
O xarope de milho é rico em frutose, como o HFCS, usado em bebidas nos EUA, e costuma ter uma proporção maior de frutose em relação à glicose. Já o açúcar de cana é rico em sacarose e tem proporções iguais de glicose e frutose.
Isabela Gouveia, nutricionista e mestre em Ciências de Alimentos pela USP, explica que a frutose em excesso tende a ser um pouco mais prejudicial, já que essa substância é metabolizada no fígado, o que pode favorecer o acumulo de gordura no órgão.
"Embora nenhum dos dois possa ser considerado saudável em grandes quantidades, há mais evidências que ligam o consumo excessivo de frutose isolada e concentrada a alterações metabólicas, como resistência à insulina e gordura no fígado", analisa Gouveia, que também é investigadora do Food Research Center.
Porém estes dados não se referem ao tipo de frutose que se encontra, por exemplo nas frutas. A frutose prejudicial para a saúde é aquela concentrada e ultraprocessada, presente em grandes quantidades em refrigerantes, guloseimas, bolos industrializados, entre outros.
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