De acordo com o estudo, publicado no documento de apresentação do arranque da reprivatização da empresa após aprovação do decreto-lei em Conselho de Ministros na quinta-feira, operações como a fusão da Air France com a KLM ou a aquisição da SWISS pela Lufthansa permitiram aos compradores alcançar ganhos de eficiência entre 4% e 9% da receita da companhia adquirida.
Aplicando essas proporções à TAP --- considerando os 4,2 mil milhões de euros de receitas em 2024 --- o potencial médio de sinergias ronda os 7%, o que corresponde a cerca de 300 milhões de euros anuais.
O caso com maior impacto foi o da fusão Air France--KLM, com sinergias de 9,2% da receita do alvo, o equivalente a 390 milhões no caso da TAP.
Já a aquisição da SWISS pela Lufthansa gerou sinergias estimadas em 8%, ou 339 milhões em valores comparáveis. Outros exemplos incluem a Austrian Airlines (4,2%) e a Iberia (8,3%).
A análise foi divulgada no dia em que o Governo lançou formalmente o processo de reprivatização da TAP, com a possibilidade de vender até 44,9% do capital a um investidor estratégico, mantendo o Estado como acionista maioritário.
Um dos critérios de admissão das propostas é precisamente o comprador ser uma transportadora aérea com dimensão relevante e superior à da TAP, ou um consórcio liderado por uma companhia aérea.
Segundo os dados do mesmo documento, a TAP transportou cerca de 16 milhões de passageiros em 2024, colocando-se abaixo dos principais grupos europeus --- como a Lufthansa (131 milhões), IAG (122 milhões) e Air France--KLM (98 milhões) --- mas num patamar semelhante ao da Aegean (16 milhões) e inferior ao da Finnair (12 milhões) ou LOT (11 milhões).
A companhia portuguesa opera atualmente com uma frota de 99 aviões, também inferior às dos grandes grupos. A Lufthansa soma 735 aeronaves, a IAG, dona da Ibéria, 686 e a Air France-KLM 564.
Estas três companhias foram, até agora, as únicas que manifestaram oficialmente em olhar para o processo da reprivatização da TAP.
Após a promulgação do decreto-lei da privatização pelo Presidente da República, os interessados têm dois meses para se posicionarem. Depois seguem-se as etapas da entrega das propostas não vinculativas e, de seguida, vinculativas. A última fase, de negociação, é opcional.
O Governo acredita que o processo poderá ficar fechado dentro de um ano, mas o prazo estará sempre dependente do tempo de aprovação da venda por Bruxelas.
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