Segundo os dados publicados pelo banco central nas suas séries longas do setor bancário, o aumento do lucro, que no ano anterior tinha representado 1,3% do ativo, foi o valor mais elevado da série, que conta com informação desde 1990.
Para este aumento contribuíram as subidas de 137 milhões de euros da margem financeira (a diferença entre os juros cobrados nos créditos e os juros pagos nos depósitos), o aumento de 124 milhões de euros das comissões e a redução de 1.233 milhões de euros das provisões e imparidades para cobrir potenciais incumprimentos.
O BdP assinala ainda que o montante total de empréstimos concedidos a particulares subiu para 132,8 mil milhões de euros, num aumento de 4,9 mil milhões de euros face a 2023.
Também o 'stock' de empréstimos para a compra de casa subiu em 2024, em cerca de 3,5 mil milhões de euros, para 102,4 mil milhões de euros.
Segundo o banco central, esta evolução "terá sido impulsionada pelas medidas de estímulo ao setor da habitação, como a isenção de IMT e de imposto de selo para compradores até aos 35 anos, que entraram em vigor em agosto de 2024".
Em sentido inverso, o 'stock' de empréstimos às empresas não financeiras caiu 747 milhões de euros em 2024.
O número de agências do setor voltou a baixar em 2024, para 4.502 no final do ano, contra o máximo de 8.106 de 2010.
A diminuição do número de agências tem "sido particularmente evidente na atividade interna, com o fecho de cerca de metade dos balcões".
O regulador refere que a tendência foi transversal à maioria dos grupos bancários, "com exceção de algumas instituições de natureza mais regional, que assumiram a importância da proximidade ao cliente e da criação de novos bancos".
Por sua vez, o número de trabalhadores do setor aumentou pelo terceiro ano consecutivo.
Segundo os dados do BdP, trabalhavam, no final de 2024, 59.846 pessoas no setor bancário, mais 987 do que em 2021, quando a série atingiu um mínimo.
O BdP esclarece que este crescimento é "amplamente explicado pelo aumento do número de trabalhadores de uma entidade residente pertencente a um grupo internacional que presta serviços à escala global para outras entidades do grupo".
Esta entidade, maior empregador do setor em Portugal e que não foi identificada, conta com mais de 8.000 trabalhadores e viu o seu número de funcionários quase duplicar entre 2021 e 2024.
Esta entidade apresenta ainda a menor percentagem de trabalhadores com mais de 44 anos, com cerca de 12%.
Na globalidade do setor, o peso dos trabalhadores do setor bancário com mais de 44 anos de idade passou de menos de 30% no início dos anos 2000, para 57% em 2024, sendo que oscila entre 70% e os 80% em diversos bancos.
Quanto aos pagamentos eletrónicos, a componente outros, que inclui pagamentos de baixo valor associados a portagens e estacionamentos e transferências imediatas, representou cerca de um quarto (26%) das operações, tendo subido 6,3 pontos percentuais desde 2019.
Em sentido inverso, os levantamentos nos caixas automáticos voltou a cair (-8,1 pontos percentuais), para 15% das operações.
As compras representaram 39% das operações baseadas em cartão e os pagamentos 'homebanking' 15%, apresentando crescimentos respetivos de 3,9 e 0,3 pontos percentuais face a 2019. Os pagamentos ATM recuaram 2,3 pontos percentuais face a 2019 para 5%.
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