"As alterações vão no bom caminho e mostram que o novo presidente da WSL pode trazer mais interesse à modalidade, com maior foco nos atletas e no espetáculo. Mas é preciso trabalhar mais as premiações, pagar mais aos atletas que arriscam a vida", realçou à Lusa Tiago Pires.
Entre as várias mudanças, nota para o regresso da etapa portuguesa, em Peniche, à reta final da época (22 de outubro a 01 de novembro de 2026), depois de ter sido 'antecipada', desde 2022, no ajustamento pós-covid 19, para o início do circuito, decorrendo em março.
"No nosso caso, juntar as provas da Ericeira [do circuito de acesso] e de Peniche faz todo o sentido. Além da questão ambiental, da pegada ecológica com as deslocações de avião, há o fator financeiro, porque os custos de vida aumentaram muito nos últimos anos e os prémios não sobem", vincou 'Saca'.
O ex-top mundial apontou para o caso do brasileiro Caio Ibelli como exemplo, depois de o 'canarinho' ter desistido da sua vaga no circuito de acesso (Challenger Series) - onde competem este ano os portugueses Afonso Antunes, Frederico Morais, Francisca Veselko, Teresa Bonvalot e Yolanda Hopkins - por falta de incentivos financeiros.
"Os surfistas não podem continuar a pagar para trabalhar, suportando os elevados custos com as deslocações e estadias em todo o mundo, sem a devida correspondência em termos de remuneração", insistiu Tiago Pires, de 45 anos.
E realçou: "É preciso investir nos 'palhaços' do circo. É impensável que, na minha geração, ganhássemos mais dinheiro do que eles ganham hoje. Os 'prize moneys' de 2010 são iguais aos de 2025. Não faz sentido".
Segundo o responsável, que destacou que o surf já tem estatuto de modalidade olímpica desde Tóquio2020, "se a WSL não consegue captar mais dinheiro, deve distribuí-lo melhor", dando primazia aos atletas.
Na segunda-feira, a WSL divulgou o calendário do circuito de elite de 2026, que conta com 12 provas e que vai coroar os campeões (masculino e feminino) de forma cumulativa, acabando com o designado Dia das Finais, em que só competiam os cinco melhores homens e as cinco melhores mulheres e que era alvo de muitas críticas.
Também houve mexidas no 'cut' (corte) do meio da época, e todas as rondas vão ser a eliminar, deixando de haver as repescagens após as rondas inaugurais.
O Championship Tour (CT) arranca com três campeonatos na Austrália, o primeiro em Bells Beach (01 a 11 de abril), depois em Margaret River (17 a 27 de abril) e seguindo para Snapper Rocks (02 a 12 de maio).
El Salvador (28 de maio a 07 de junho), Brasil (12 a 20 de junho), África do Sul (10 a 20 de julho), Polinésia Francesa (08 a 18 de agosto, Fiji (25 de agosto a 04 de setembro) e Lower Trestles (11 a 20 de setembro, nos Estados Unidos, são as restantes etapas da fase regular, com 36 surfistas no quadro masculino e 24 no feminino (um aumento face às 16 atuais).
Nas duas etapas seguintes, nos Emirados Árabes Unidos (14 a 18 de outubro), e em Peniche, o número de competidores baixa para 24 homens e 16 mulheres, mas todos voltam à competição para a última prova, na icónica onda de Pipeline, no Havai (Estados Unidos).
De resto, além de voltar a fechar a temporada (ao invés de abrir, como aconteceu nos últimos anos), o Pipe Masters vai valer 15.000 pontos para a luta pelo título mundial, em vez dos habituais 10.000.
"Estas mudanças refletem o nosso compromisso em honrar o legado do surf e, ao mesmo tempo, continuar a moldar o seu futuro à medida que o desporto entra no seu 50.º ano" ao nível do circuito mundial, sublinhou Ryan Crosby, CEO da WSL.
O brasileiro Yago Dora e a australiana Molly Picklum são os atuais líderes dos rankings, depois de realizadas 10 das 11 etapas regulares.
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