A antiga prisão S-21, que alberga agora o Museu Tuol Sleng, o maior museu dedicado às atrocidades cometidas sob o regime de Pol Pot, o Memorial Choeung Ek, apelidado de "campos da morte", e a antiga prisão M-13, constam agora na lista, noticiou a agência France-Presse (AFP).
Os dois primeiros estão localizados em Phnom Penh, e o terceiro fica na província de Kampong Chhnang, a noroeste da capital.
"A inscrição de sítios memoriais cambojanos na Lista do Património Mundial, transformando-os de centros de repressão em locais de paz e reflexão, não é apenas o reconhecimento de um sítio, mas também de uma história dolorosa e, acima de tudo, da extraordinária resiliência do povo cambojano", destacou o primeiro-ministro, Hun Manet, num vídeo gravado e transmitido pela emissora pública TVK.
"Esta é a paisagem da nossa memória partilhada", frisou à AFP Youk Chhang, sobrevivente do genocídio e diretor do Centro de Documentação do Kampuchea Democrático (DC-CAM), que investiga as atrocidades dos Khmers Vermelhos.
Para Chhang, esta decisão "vai tornar o ensino da história do khmer vermelho mais eficaz e relevante".
O Camboja já teve quatro sítios Património Mundial, todos centenários, incluindo os famosos templos de Angkor.
Liderado por Pol Pot, que morreu em 1998 sem julgamento, o regime marxista totalitário tentou impor uma nova sociedade agrária, sem moeda, medicamentos ou educação.
Dois milhões de pessoas, um quarto da população da época, morreram de exaustão, doença, tortura ou execução.
Mais de 15.000 homens, mulheres e crianças foram detidos em Tuol Sleng, uma antiga escola convertida em prisão pelos Khmers Vermelhos. Pouquíssimos sobreviveram.
A grande maioria dos quartos hoje abertos à visita permanece no estado em que os soldados de Pol Pot os abandonaram após a sua queda em janeiro de 1979.
Trabalhos de exumação no início da década de 1980 revelaram os restos mortais de mais de 6.000 pessoas espalhadas por cerca de 100 valas comuns em Choeung Ek. O local alberga agora uma estupa budista com milhares de crânios.
Um tribunal especial apoiado pelas Nações Unidas condenou três oficiais dos khmers vermelhos, incluindo o antigo torturador-chefe da S-21, "Douch".
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