Objeto interestelar descoberto pode ser cometa mais antigo já observado

Um surpreendente objeto interestelar descoberto na semana passada, denominado 3I/ATLAS, pode ser o cometa mais antigo alguma vez observado, possivelmente anterior ao Sistema Solar em mais de 3 mil milhões de anos, anunciaram na sexta-feira os investigadores.

cometa, C/2023 A3, Tsuchinshan-ATLAS

© APOD / Adam Block

Lusa
12/07/2025 14:03 ‧ há 4 horas por Lusa

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Cometa

O cometa é o terceiro objeto conhecido de fora do Sistema Solar a ser avistado na "vizinhança cósmica" da Terra e o primeiro a chegar de uma região completamente diferente da nossa galáxia, a Via Láctea.

 

De acordo com o astrónomo Matthew Hopkins, da Universidade de Oxford, poderá ter mais de 7 mil milhões de anos e ser a descoberta interestelar "mais significativa" até à data, noticiou a agência Efe.

Ao contrário dos dois objetos anteriores, que entraram no Sistema Solar vindos de outras partes do cosmos, o 3I/ATLAS parece estar a viajar numa trajetória íngreme pela galáxia, sugerindo que teve origem no disco espesso da Via Láctea, uma população de estrelas antigas que orbitam acima e abaixo do plano fino onde reside o Sol e a maioria das estrelas.

"Todos os cometas não interestelares, como o Halley, se formaram com o Sistema Solar, portanto, têm até 4,5 mil milhões de anos", explicou Hopkins, que apresentará as suas descobertas esta semana no Encontro Nacional de Astronomia de 2025 da Royal Astronomical Society, em Durham, e fez esta descoberta pouco depois de submeter a sua tese.

"Os objetos interestelares podem ser muito mais antigos e, dos conhecidos até agora, o 3I/ATLAS é muito provavelmente o cometa mais antigo que já vimos", acrescentou, citado num comunicado.

O objeto foi observado pela primeira vez em 01 de julho de 2025, pelo Telescópio de Investigação ATLAS, no Chile, quando se encontrava a aproximadamente 670 milhões de quilómetros do Sol.

A investigação de Hopkins indica que, como o 3I/ATLAS se formou provavelmente em torno de uma antiga estrela de disco espesso, deve ser rico em água congelada.

"Este é um objeto de uma parte da galáxia que nunca vimos de perto antes. Acreditamos que há 66% de hipóteses de este cometa ser mais antigo do que o Sistema Solar e estar a vaguear pelo espaço interestelar desde então", sublinhou outro dos autores, Chris Lintott, apresentador do programa The Sky at Night, da estação BBC.

À medida que se aproxima do Sol, a luz solar aquecerá a superfície do 3I/ATLAS e desencadeará atividade cometária --- a libertação de vapor e poeira que cria uma cabeleira e uma cauda brilhantes.

As observações iniciais já sugerem que o cometa está ativo e possivelmente maior do que os seus antecessores interestelares, 1I/'Oumuamua (avistado em 2017) e 2I/Borisov (2019).

Se for confirmado, fornecerá aos cientistas pistas sobre o papel que os antigos cometas interestelares desempenham na formação de estrelas e planetas em toda a galáxia.

A descoberta do 3I ocorreu de forma quase inesperada, enquanto os investigadores se preparavam para iniciar as operações de exploração com o Observatório Vera C. Rubin, que irá realizar um levantamento sem precedentes do céu ótico, com a duração de uma década, denominado Levantamento do Legado Espaço-Temporal.

Os investigadores acreditam que tem o potencial de descobrir entre 5 a 50 objetos interestelares.

"A descoberta do 3I sugere que as perspetivas para o Rubin podem ser agora mais otimistas; podemos encontrar cerca de 50 objetos, alguns dos quais com um tamanho semelhante ao do 3I", apontou a investigadora Rosemary Dorsey, da Universidade de Helsínquia.

O novo cometa 3I/ATLAS será visível através de um telescópio amador de tamanho razoável no final de 2025 e início de 2026.

Leia Também: Astrónomos detetam novo cometa com origem fora do Sistema Solar

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