Foi essa a principal nota da conferência de imprensa de Luís Canelas, que, sendo o atual líder da concelhia do PS, ocupou a vice-presidência dessa autarquia do distrito de Aveiro e Área Metropolitana do Porto até anunciar em fevereiro a sua candidatura à câmara e a atual presidente do executivo -- que tomara posse em janeiro de 2023 após a renúncia de Miguel Reis no âmbito da investigação criminal Vórtex -- lhe retirar os pelouros e a confiança política.
Essa situação gerou polémica logo por altura do anúncio da candidatura, já que Maria Manuel Cruz contava ser a cabeça de lista do partido e disse que o processo de escolha de Canelas por parte do PS Nacional foi conduzido de "forma desrespeitosa e com falta de transparência e frontalidade".
A semana passada surgiram novas críticas à conduta socialista, já que a Comissão de Jurisdição da distrital do partido anulou a votação que indicou Canelas como candidato à Câmara, alegando que essa escolha não obteve o mínimo de 50% dos votos que o regulamento interno exige a eleições -- após o que a concelhia contestou a decisão recorrendo à Jurisdição Nacional, por defender que o requisito dos 50% não se aplica à designação de candidatos, enquanto processo distinto do de eleições internas.
Foi assim no seguimento de todas essas questões, e enquanto aguarda confirmação do seu nome ou a realização de nova votação local, que Luís Canelas afirmou esta manhã: "Assumo que o PS falhou nos últimos anos e não correspondeu às expectativas dos espinhenses. Não estou a apontar o dedo a ninguém, até porque eu fiz parte do processo e também estava lá, mas sinto-me no dever de pedir desculpa aos espinhenses pelas expectativas que não foram cumpridas nos últimos anos".
Contando que a decisão de jurisdição nacional do PS possa ser conhecida já na próxima semana, e confiante de que, mesmo em caso de resposta desfavorável, a repetição do processo voltará a confirmar o seu nome como cabeça de lista por Espinho, Canelas diz estar a trabalhar "tranquilamente" na definição da campanha eleitoral e na escolha da sua equipa.
"Não me revejo nestes jogos políticos sujos, de ataques pessoais, de manchar a imagem", declara. "A política atual não é a melhor, não é aquela com que eu concordo, e, depois destes quatro anos, parece que [os eleitos] se esquecem do que prometeram durante a campanha, mas eu não vou repetir os erros do passado", promete.
Canelas admite que possa vir a ser "criticado mais tarde" pelo seu pedido de desculpas e acusado de não ser "um candidato politicamente correto", mas diz-se mais preocupado em "corrigir o que não foi bem feito, reafirmar os valores do PS e elaborar um projeto de desenvolvimento e qualidade de vida para os espinhenses, com uma equipa que esteja disposta a trabalhar" nesse sentido.
Quanto ao processo disciplinar que a comissão local do PS instaurou ao militante cuja denúncia levou a que anulassem a votação que o apontou como candidato, Luís Canelas justifica essa medida: "Houve um processo disciplinar não por o militante ter levantado a questão, porque todos são livres de contestar, mas sim por ele ter tornado públicos assuntos internos do partido. Se eu proponho ter um partido unido, os nossos problemas têm que ser tratados dentro de casa".
O único outro candidato anunciado à Câmara de Espinho nas próximas autárquicas é Ricardo Sousa, do PSD, que enfrenta uma situação idêntica de contestação que, opõe concelhia à nacional.
Em novembro de 2024 foi aprovado por unanimidade o nome de Ricardo Sousa para ser o candidato do partido à presidência daquele município mas já este ano, o coordenador autárquico nacional Pedro Alves comunicou a intenção da estrutura nacional do partido era apresentar um candidato diferente.
As eleições autárquicas deverão ocorrer entre 22 de setembro e 14 de outubro deste ano.
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