O porta-voz do Livre, Rui Tavares, disse, esta quinta-feira, que ainda não recebeu nenhuma resposta à proposta sobre a união das esquerdas para as autárquicas, desafio lançado à saída da reunião com o Presidente, Marcelo Rebelo de Sousa, na quarta-feira.
"Ainda não. Acho natural que os partidos estejam em reflexão - o PS em reflexão em face dos seus resultados eleitorais. Mas alerto: a reflexão pode ser grande, sem ser longa", respondeu, questionado sobre as respostas que já teria recebido, em entrevista à RTP2.
"Se for longa, não teremos tempo. No fundo, as Autárquicas vão ser a 2.ª volta das Legislativas", justificou.
Note-se que Rui Tavares apontou, após serem conhecidos os resultados das Legislativas, que, se nada for feito à Esquerda, “podemos acordar no dia 22 de setembro de manhã com um mapa político inteiramente mudado”.
"Nos 60 municípios em que o Chega ficou em primeiro lugar, para eleições legislativas isso não significa tanto, mas para eleições autárquicas significa 60 presidentes. Dessas câmaras, em 49 delas a Esquerda junta está à frente. Portanto, não me faz sentido dar 60 câmaras de mão beijada à extrema-direita, quando podemos diminuir isso para 11 ou menos", explicou.
Já hoje, o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, não 'perdeu tempo' numa primeira resposta também à saída da reunião com o Presidente. Questionado sobre acordos à esquerda para as próximas Autárquicas, Raimundo reiterou que a CDU "é uma frente unitária e popular com provas dadas no poder local", acrescentando que a coligação não começou a "trabalhar no plano autárquico ontem" e está já no terreno com pessoas muito diversas do ponto de vista político.
Também o Bloco de Esquerda falou acerca de uma possível "convergência autárquica" esta quinta-feira. À saída de Belém, e questionado sobre a proposta de união à Esquerda, a líder do Bloco explicou que já "nasceram conversas" com o Livre e o PAN para "projetos de convergência autárquica, para poder eleger em todo o país vereadores à Esquerda e para poder combater a Direita."
Ainda durante a entrevista, e questionado sobre uma eventual revisão constitucional, Rui Tavares sublinhou que o partido que lidera foi o "único que alertou para este risco durante a campanha."
"O que significa que não é um tema que tenha sido alvo de debate político durante a campanha eleitoral, que acabou há poucos dias. Portugueses defrontam-se com um tema completamente novo de que não se tinha falado", alertou.
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