O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, avançou com uma ação judicial contra o empresário Rupert Murdoch, a Dow Jones, a News Corp e dois jornalistas do Wall Street Journal (WSJ). Em causa está um artigo que dá conta da existência de uma mensagem de parabéns a Epstein.
A queixa foi apresentada esta sexta-feira, ao abrigo da lei federal sobre difamação, segundo os registos do tribunal consultados pelas publicações internacionais.
De acordo com o que adianta a imprensa internacional, a ação foi entregue num tribunal federal de Miami, no estado norte-americano da Florida.
Depois de a notícia ser avançada pela imprensa norte-americana, Donald Trump recorreu à sua rede social, Truth Social, para confirmar que tinha avançado: "Esta ação judicial é intentada não só em nome do vosso residente favorito, EU, mas também para continuar a defender TODOS os norte-americanos que não toleram mais os atos abusivos dos Fake News Media. Espero que Rupert e os seus 'amigos' estejam ansiosos pelas muitas horas de depoimentos e testemunhos que terão de prestar neste caso. Obrigado pela vossa atenção a este assunto. Nós vamos FAZER A AMÉRICA GRANDE DE NOVO!"
Em causa está um artigo do WSJ que revela uma carta escrita, alegadamente, por Donald Trump em 2023. A missiva dirigida a Jeffrey Epstein, no âmbito do seu 50.º aniversário, acabava com uma frase de Trump onde se lia: "Feliz aniversário e que cada dia seja mais um segredo maravilhoso".
O artigo foi publicado na quinta-feira e hoje Donald Trump já ameaçava que ia processar o jornal. "A imprensa precisa de aprender a ser honesta e a não confiar em fontes que provavelmente nem sequer existem", defendeu ainda ontem.
Trump afirmava que a carta era falsa, recordava que já levou a tribunal as emissoras norte-americanas ABC e CBS, e garantiu que iria também "processar e responsabilizar o outrora grandioso Wall Street Journal."
O WSJ "tornou-se um jornal imundo e sujo" e "escrever mentiras como esta demonstra o seu desespero para se manter relevante", escrevia o chefe de Estado.
Note-se que o jornal explica que, após contactar o agora presidente dos EUA sobre o assunto, na terça-feira, este negou ser o autor da carta e ameaçou processar o jornal caso publicasse o artigo.
E para além do "segredo"?
De acordo com o WSJ, a ex-assistente de Epstein, Ghislaine Maxwell - que cumpre uma pena de 20 anos de prisão por ser cúmplice do magnata - recolheu cartas de Trump e de outros associados de Epstein para incluir num álbum de 2003 como presente de aniversário para o falecido.
Uma carta assinada por Trump e revista pelo jornal contém várias linhas de texto datilografado, contidas dentro do contorno de uma mulher nua, desenhada alegadamente pelo atual presidente com um marcador.
É ainda sublinhando que a assinatura do republicano surge rabiscada abaixo da cintura da mulher, "imitando pelos púbicos".
Recorde-se que Epstein morreu na prisão, em 2019, numa altura em que estava acusado de controlar um esquema de tráfico sexual e abuso sexual de menores, tendo, alegadamente, criado uma rede para abusar de dezenas de meninas na sua mansão de Nova Iorque e numa outra situada na Florida.
Na semana passada, os investigadores confirmaram a morte de Epstein por suicídio numa prisão de Nova Iorque em 2019.
Trata-se da primeira negação oficial sobre uma alegada lista de personalidades influentes associadas a Epstein e um possível assassinato para o silenciar.
Os adeptos do movimento Make America Great Again (MAGA) estão insatisfeitos com as conclusões destes inquéritos, uma vez que Trump, a Procuradora-Geral dos EUA, Pam Bondi, e o Diretor-Adjunto do FBI, Dan Bongino, prometeram revelar "a verdade" sobre o caso antes do início da atual administração dos EUA, em janeiro.
A pressão recebida levou o presidente a autorizar Bondi a divulgar quaisquer ficheiros adicionais "credíveis" sobre o assunto, mas não sem antes criticar os seus apoiantes por, na sua opinião, se terem deixado "enganar" pelos democratas.
A esta associação entre Donald Trump e Jeffrey Epstein junta-se ainda um outro nome: Elon Musk. O outrora 'braço direito' do chefe de Estado dos EUA também tem associado Trump aos ficheiros em causa, que cidadãos norte-americanos exigiam que se tornasse públicos até à informação de que a tal 'lista' não exista.
[Notícia atualizada às 00h25 de sábado, 19 de julho]
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