Haitianos e venezuelanos são duas das nacionalidades mais afetadas pelas deportações dos Estados Unidos, depois de o Governo do Presidente Donald Trump ter revogado o Estatuto de Proteção Temporária (TPS), que lhes permitia residir, trabalhar ou estudar no país.
Estima-se que esta situação tenha colocado cerca de 800.000 imigrantes da Venezuela e do Haiti em risco de serem deportados a qualquer momento.
Na quinta-feira, as autoridades do Departamento de Segurança Interna dos EUA recomendaram que haitianos e venezuelanos se autodeportassem através de uma aplicação eletrónica, para evitar serem devolvidos à força aos seus países e enfrentarem consequências legais mais severas.
Hoje, a porta-voz do Gabinete das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Ravina Shamdasani, explicou que o nível de violência no Haiti - refletido em "mais de 3.000 pessoas mortas só este ano, excluindo feridos, raptados, vítimas de violência sexual ou pessoas deslocadas" - deixa claro que este não é um lugar para onde os haitianos possam regressar.
Shamdasani insistiu que é "totalmente inapropriado" querer fazer regressar haitianos para este cenário de escalada de violência.
Dados atualizados divulgados hoje pelas Nações Unidas indicam que, desde outubro passado - quando ocorreu um massacre na região de Artibonite, que marcou um ponto de viragem nos confrontos entre gangues criminosos e grupos autoproclamados de autodefesa - foram documentadas as mortes violentas de 4.864 pessoas.
"Os abusos dos direitos humanos por parte de grupos de justiceiros aumentaram, incluindo execuções sumárias, com a participação das forças de segurança haitianas, de pessoas acusadas de apoiar os gangues", disse a porta-voz da ONU, numa conferência de imprensa em Genebra.
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