"Procuraremos um acordo que seja suficientemente bom para a Austrália. Se nos beneficiar, participaremos. Se não, continuaremos sem assinar o que não seja do nosso interesse nacional", declarou Anthony Albanese numa sessão parlamentar, de acordo com a emissora pública ABC.
O líder trabalhista afirmou que as mudanças no ambiente comercial global --- em alusão à guerra tarifária desencadeada pelos Estados Unidos --- obrigaram as duas partes a regressarem à mesa de negociações.
No final de abril, Albanese manifestou a intenção de aproveitar a viagem ao Vaticano, por ocasião do funeral do Papa Francisco, para retomar as conversações com a UE sobre o tratado de livre comércio bilateral.
Estas negociações começaram em 2018, mas estagnaram em 2023, devido a divergências em torno das denominações de origem de alguns produtos e da entrada de bens agrícolas australianos no mercado europeu.
O ministro do Comércio australiano, Don Farrell, e o comissário do Comércio europeu, Maros Sefcovic, reuniram-se esta quarta-feira, à margem da reunião ministerial anual da OCDE, em Paris, mas poucos detalhes são conhecidos desse encontro.
Farrell disse que Camberra e Bruxelas estão "a trabalhar nas questões pendentes para tentar finalizar o acordo" e que este ano poderão ser alcançados "progressos substanciais".
Entre as divergências que suspenderam por mais de um ano e meio as negociações de um acordo bilateral de livre comércio constam a exigência da Austrália em continuar a chamar "prosecco" e "feta", respetivamente, a um vinho branco e a um tipo de queijo produzidos no país oceânico, apesar de se tratar de denominações de origem europeias protegidas.
A controvérsia entre os dois territórios centrou-se também no acesso de produtos agrícolas australianos, como o açúcar, ao mercado europeu, que abrange mais de 445 milhões de potenciais consumidores.
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