Naquela que foi a segunda reunião da semana sobre este conflito no Conselho de Segurança da ONU, o embaixador russo, Vasily Nebenzya, acusou os aliados europeus da Ucrânia de quererem prolongar a guerra e advogou que Kyiv está "à beira da derrota total".
"Queremos repetir novamente que os objetivos da nossa operação especial podem ser alcançados tanto pacificamente quanto militarmente. As nossas Forças Armadas são capazes de continuar e aumentar as operações de combate pelo tempo que for necessário", afirmou.
"Basta olhar para qualquer relatório militar, mesmo os mais tendenciosos em relação à Rússia, para se convencer de que as tropas russas estão a avançar com sucesso por quase toda a linha de frente", acrescentou.
As declarações de Nebenzya surgem num momento que a segurança na Ucrânia está "significativamente pior", em comparação com o ano passado, com o número de mortes civis no primeiro trimestre de 2025 a ser 59% superior ao período homólogo de 2024, indicou na quinta-feira a ONU.
Por três noites consecutivas no último fim de semana, as Forças Armadas russas atacaram cidades e vilas ucranianas com números recorde de mísseis de longo alcance e drones, matando e ferindo dezenas de civis.
Segundo o diplomata russo, um simples cessar-fogo não é suficiente para acabar com o conflito, insistindo que uma resolução sustentável e de longo prazo deverá abordar as "causas básicas" da guerra e acrescentando que os direitos da população de língua russa na Ucrânia são violados diariamente.
Nebenzya disse existir "um grupo inteiro de pessoas que não está interessado" em acabar com o conflito, nomeando o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que "tem medo de perder o poder", e aliados europeus que "têm vindo a implementar o projeto 'anti-Rússia' na Ucrânia desde 2014".
Acusou ainda Londres, Bruxelas, Paris e Berlim de recorrerem a "provocações e mentiras" sobre a Rússia para "forçar o Presidente americano", Donald Trump, a voltar a apoiar incondicionalmente a Ucrânia.
"Os Estados europeus continuam descaradamente a sua guerra por procuração com a Rússia, esperando sair impunes", disse, numa reunião onde a maioria dos 15 Estados-membros do Conselho de Segurança não se fez representar pelos seus principais embaixadores.
No entanto, Nebenzya não rejeitou totalmente a ideia de adotar um cessar-fogo, indicando que essa via poderia levar a uma "resolução sustentável das causas profundas do conflito".
Para isso, "no mínimo", os países ocidentais precisam de parar de fornecer armas ao regime de Kyiv e a Ucrânia tem de interromper a mobilização, apelou.
Uma reunião entre as delegações russa e ucraniana é esperada em Istambul na segunda-feira para negociar o fim da guerra, embora haja pouco otimismo em relação aos resultados.
A Rússia anunciou que apresentará as suas condições para a deposição de armas na mesma reunião em Istambul, enquanto a Ucrânia --- que já comunicou a sua posição aos russos --- exige receber o documento com antecedência para poder analisá-lo antes de se sentar para negociar.
Na reunião de hoje, os Estados Unidos recordaram que a Ucrânia tem afirmado repetidamente que está pronta para aceitar um cessar-fogo imediato, incondicional e abrangente.
"Foi a Rússia que rejeitou este apelo", afirmou o diplomata norte-americano.
Os Estados Unidos frisaram ainda que a Ucrânia, enquanto país soberano, tem o direito de se defender de agressões e que os aliados têm o direito de fornecer a Kyiv os meios para o fazer.
No total, desde o início da invasão em larga escala da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022, pelo menos 13.279 civis, incluindo 707 crianças, foram mortos.
O número confirmado de civis feridos é de 32.449, incluindo 2.068 crianças, reportou na quinta-feira a ONU.
Leia Também: Memorando para a paz? "Ucrânia não recebeu qualquer documento"