O Tribunal Penal de Marselha condenou ainda o imã Ismail, cujo nome verdadeiro é Smaïn Bendjilali e que foi citado num relatório recente sobre a organização islamita Irmandade Muçulmana, a uma multa de 2.000 euros, cinco anos de proibição de direitos civis e inscrição no Registo de Ofensas Terroristas.
O imã foi condenado por ter republicado um vídeo, em julho de 2024, na sua conta da rede social X, seguida por mais de 11 mil pessoas, acompanhado de um comentário que descrevia como o ataque do movimento palestiniano Hamas a Israel a 07 de outubro de 2023 como "legítima defesa".
Nesse dia, cerca de mil militantes do Hamas atravessaram a barreira que separa a Faixa de Gaza de Israel e atacaram em cerca de 50 locais, matando indiscriminadamente mais de 1.200 pessoas, de acordo com as autoridades de Telavive, e raptando cerca de 250 outras.
O imã foi, no entanto, absolvido por uma segunda publicação de um vídeo que acusa soldados israelitas de torturar um palestiniano.
A republicação do vídeo foi acompanhada pelo comentário: "O ISIS [sigla em árabe do movimento 'jihadista' Estado Islâmico] é como meninos de coro comparado com isto".
Mais de 54.200 palestinianos, a maioria dos quais civis, foram mortos em Gaza pela campanha de represália israelita ao ataque de outubro de 2023, segundo dados do Ministério da Saúde do Hamas, considerados fiáveis pela ONU.
Após o julgamento, o imã anunciou à imprensa que pretendia retomar as suas atividades "com orgulho", começando por um sermão já hoje.
"Retransmitir não é o mesmo que aderir a isso e eu não concordei com essas declarações", sublinhou, reiterando declarações feitas durante a sua audição, no final de março.
"Obviamente, assim que se defende os palestinianos, é-se antissemita ou terrorista", lamentou, garantindo que "isso não nos vai silenciar".
O imã Ismail e a Mesquita Bleuets, situada num dos bairros mais pobres do norte da cidade, cuja população é, em grande parte, árabe, foram ambos citados no relatório encomendado pelo Governo francês sobre a Irmandade Muçulmana, divulgado na semana passada pelo Ministério do Interior.
O imã, de nacionalidade francesa, é descrito como tendo "grande popularidade entre os jovens muçulmanos, principalmente devido ao seu domínio das redes sociais".
Leia Também: Rússia acusa EUA de "eliminar a possibilidade" de Estado palestiniano