Quatro sindicatos convocaram para hoje uma greve em toda a região autónoma da Comunidade Valenciana para exigir responsabilidades pela "negligência" na gestão do temporal e das inundações que se seguiram que "pôs em perigo" a vida de milhares de trabalhadores em 29 de outubro de 2024, assim como o reforço dos serviços públicos. Não se somaram porém à convocatória as maiores centrais sindicais espanholas (UGT e CCOO).
Os sindicatos dizem haver "muitos motivos, 31.630" para protestar, numa referência a 31.400 trabalhadores que entraram em 'lay-off' após as cheias e às 228 pessoas que morreram nas inundações, e pedem que sejam "apuradas todas as responsabilidades políticas e penais" dos empresários e empregadores, assim como das autoridades do governo regional, liderado por Carlos Mazón, do Partido Popular (PP, direita), que nestes sete meses se tornou no principal alvo de críticas.
Segundo o governo regional, o impacto da greve nos serviços públicos está a ser pouco relevante, com uma adesão abaixo dos 7%, enquanto os sindicatos denunciam que foram estabelecidos serviços mínimos "abusivos", na ordem dos 80%.
Durante hoje de manhã, cerca de 2.500 pessoas, segundo as autoridades locais, participaram numa manifestação convocada pelos sindicatos, que percorreu ruas do centro da cidade de Valência, encabeçada por uma faixa com a frase: "Contra as patronais e o Governo de Mazón. Pela vida, o trabalho digno, os serviços públicos e a habitação".
Para além da greve e deste protesto organizado pelos sindicatos, está convocada para hoje, ao final da tarde, a sétima manifestação desde as cheias para pedir a demissão de Carlos Mazón.
Estes protestos, que ocorrem todos os meses desde 29 de outubro de 2024, são convocados por uma plataforma que reúne mais de 200 entidades, desde associações a sindicatos, e têm mobilizado dezenas de milhares de pessoas em Valência: 130 mil em 09 de novembro, 100 mil em 30 de novembro, 80 mil em 29 de dezembro, 25 mil em 01 de fevereiro, 30 mil em 01 de março, 25 mil em 29 de março e 1.200 em 29 de abril, segundo as autoridades locais.
Mazón e o governo regional são sobretudo criticados pelos alertas tardios à população em relação ao temporal, apesar de os serviços meteorológicos espanhóis terem emitido um aviso vermelho horas antes das chuvas e das cheias.
O primeiro relatório da investigação judicial, aberta para apurar eventuais responsabilidades políticas na morte de mais de 220 pessoas, indicou que a maioria das vítimas morreu antes de ter sido enviado o alerta da proteção civil para os telemóveis.
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