O programa 'The Late Show with Stephen Colbert' vai acabar em maio de 2026, anunciou, em comunicado, a cadeia norte-americana de televisão CBS, alegando motivos "puramente financeiros".
"'The Late Show with Stephen Colbert' terminará a sua exibição histórica em maio de 2026, após a conclusão da atual temporada. Consideramos Stephen Colbert insubstituível e terminaremos o 'franchising' nessa data", afirmou a administração da CBS no comunicado divulgado na noite de quinta-feira, nos Estados Unidos, madrugada de hoje na Europa.
A CBS acrescentou que esta é uma decisão "puramente financeira" tomada "num ambiente difícil" para os horários noturnos. "Não está de forma alguma relacionada com o desempenho do programa, o seu conteúdo ou outros assuntos que ocorram na Paramount".
O anúncio foi feito dias depois de Colbert se ter manifestado contra o acordo de 16 milhões de dólares (perto de 13,8 milhões de euros) pagos pela Paramount, a 'empresa-mãe' da CBS, para pôr fim a um processo movido por Donald Trump contra a CBS News, durante a campanha presidencial do ano passado.
Colbert anunciou a decisão durante a gravação do programa de quinta-feira, afirmando que soube do cancelamento na noite anterior. "Partilho o vosso sentimento", disse, quando a plateia vaiou o anúncio.
O apresentador, ator e comediante especificou que era o fim do 'The Late Show', um dos programas mais antigos da cadeia, e não apenas o termo da sua passagem pelo lugar.
"Não vou ser substituído. Isto tudo vai acabar", disse Colbert, citado pela imprensa norte-americana, acrescentando que estava "extraordinariamente e profundamente grato às 200 pessoas" que trabalham no programa, porque "têm sido grandes parceiros."
O formato "late night", que se refere a programas da televisão norte-americana transmitidos ao final da noite, com entrevistas e 'sketches' cómicos, relacionados com a atualidade, foi introduzido na CBS em 1993 pelo apresentador David Letterman.
Letterman manteve-se à frente do 'The Late Show with...' até à sua reforma, em 2015, sendo então substituído por Stephen Colbert, que se distinguira na versão inicial do 'The Daily Show with Jon Stewart', na altura um dos maiores sucessos da Commedy Central.
Os trabalhadores da CBS foram apanhados de surpresa pelo anúncio da administração. "Estamos perplexos", disse um deles ao jornal The Washington Post.
Segundo a imprensa norte-americana especializada, há rumores de que tanto Colbert como Jon Stewart - que regressou à apresentação do 'The Daily Show' com o anúncio da segunda candidatura de Trump à Casa Branca -, estão na mira dos executivos seniores da Skydance Media, que em breve irá adquirir a Paramount Global.
O CEO da Skydance, David Ellison, conta com apoio do presidente dos EUA, Donald Trump, que ambos os apresentadores criticaram nos seus programas, noticiou a Variety.
Na segunda-feira, Stephen Colbert disse na abertura do 'The Late Show': "Enquanto estava de férias, a minha empresa-mãe, a Paramount, pagou a Donald Trump um acordo de 16 milhões de dólares pelo processo contra o programa '60 Minutes'. Como alguém que sempre foi um orgulhoso trabalhador desta estação, estou ofendido. E não sei se alguma vez alguma coisa me devolverá a confiança nesta empresa, mas, só para lhe dar uma oportunidade, diria que 16 milhões de dólares ajudariam."
Colbert associou ainda o acordo com Trump à fusão pendente de oito mil milhões de dólares (perto de sete mil milhões de euros) da Paramount com a Skydance Media, que requer a aprovação da Comissão Federal de Comunicações (FCC) e do seu presidente, escolhido por Trump, Brendan Carr.
O "nome técnico nos círculos jurídicos" para o acordo, concluiu Stephen Colbert, é um "suborno bastante gordo."
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