"A inflação deverá aumentar para 4,8% em 2025 e crescer ainda mais para 5,2% em 2026, devido ao aumento dos preços dos alimentos locais", acrescentou a instituição financeira, no capítulo dedicado a Moçambique no relatório de Perspetivas Económicas Africanas (AEO, sigla inglesa) de 2025.
As previsões para Moçambique sucedem a um crescimento mitigado do PIB de 1,8% em 2024, devido ao "declínio da produção nas indústrias extrativas e na agricultura", após um crescimento de 5,4% em 2023, nota o BAD -- recordando também a descida da inflação: 7% em 2023 e 3,2% em 2024.
Agora, o défice orçamental "deverá aumentar para 5,4% do PIB em 2025 e depois diminuir para 4,5% em 2026 devido à consolidação orçamental".
O AEO 2025 foi publicado hoje, durante as reuniões anuais do BAD que decorrem em Abidjan, Costa do Marfim, cujo tema central é a mobilização dos recursos do continente, libertando-o de dependência externa.
No caso de Moçambique, os principais riscos para o crescimento incluem "as alterações climáticas, a agitação social e os seus efeitos nas atividades económicas, os cortes na ajuda externa e as tensões comerciais" a nível mundial.
O BAD considera urgente melhorar a eficiência das despesas públicas, diversificar os mercados de exportação e fomentar o diálogo "entre todos os partidos políticos".
Um dos indicadores apontados na análise diz respeito ao baixo rácio impostos/PIB, a rondar 23%, "situando-se abaixo dos padrões regionais, sinalizando um potencial fiscal não realizado".
"A mobilização de receitas é limitada pelos fluxos financeiros ilícitos, estimados anualmente em 1,3 mil milhões de dólares (1,15 mil milhões de euros), e pela fraca administração fiscal", acrescentou.
Por outro lado, a "pesada folha de pagamentos" do Estado "equivale a uma média de 90% da receita fiscal (2021--23) e o aumento das obrigações de serviço da dívida limitam significativamente a margem para despesas de desenvolvimento".
"Sair da lista cinzenta do Grupo de Acção Financeira (GAFI), combater os fluxos financeiros ilícitos e aplicar regulamentos de parcerias público-privadas serão tarefas essenciais para melhorar o clima de investimento e aumentar a resiliência económica", concluiu.
*** A agência Lusa viajou a convite do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) ***
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