Convencido de que os jogadores executaram "muito bem" a estratégia "muito bem pensada" pelo selecionador Bino Maçães para a final com a França, que os portugueses venceram por 3-0, o treinador, de 69 anos, realça que também foi a "capacidade coletiva" da seleção de 2003 a valer o triunfo no jogo decisivo com a Espanha (2-1), realizado no Estádio Municipal do Fontelo, em Viseu.
"A Espanha tinha uma ótima equipa, mas acabámos por ser melhores, muito pela força coletiva, da mesma maneira que esta seleção. Não acompanhei os jogos todos. Vi parte de alguns, mas foi uma equipa que evidenciou uma força coletiva muito grande. O jogo da final, com a França, foi muito bem pensado", enaltece, em declarações à Lusa.
Ligado ininterruptamente à Federação Portuguesa de Futebol (FPF) entre 1993 e 2009, com experiências em vários dos escalões de formação, António Violante reconhece que os jovens de hoje dispõem de "melhores condições" e crê que alguns dos pupilos de Bino Maçães vão atingir a seleção AA, embora o futebol em 2025 não seja comparável com o de 2003.
"Na altura, tínhamos condições de trabalho não tão boas como agora. Não existia a 'casa das seleções' [Cidade do Futebol]. Os clubes têm academias com ótimas condições para fazer desenvolver os jovens e eles aparecerem com mais qualidade. Mas não é comparável. O futebol de hoje é diferente do que se fazia há 22 anos", vinca.
Dos jogadores que orientou em 2003, seis tornaram-se internacionais pela seleção principal: João Moutinho, em 146 vezes, e Vieirinha, por 25 ocasiões, ambos campeões europeus em 2016, Miguel Veloso, por 56 vezes, Paulo Machado, em seis ocasiões, e ainda Tiago Gomes e Hélder Barbosa, uma vez cada um.
Além desse número de internacionais AA, António Violante sublinha que vários outros jogadores tiveram "carreiras interessantes" e lembrou Márcio Sousa, o médio que 'bisou' perante o guarda-redes Antonio Adán, ex-Sporting, na final com a Espanha, mas viria a ter uma carreira profissional nos escalões secundários lusos.
No tempo em que liderou as seleções jovens portugueses, António Violante recorda-se, aliás, de avisar os jogadores para a "exigência da carreira profissional" assim que começava a trabalhar com os lotes de 44 atletas, constituídos na sequência dos torneios sub-14 entre associações distritais.
"Tinha o cuidado de lhes dizer que tinham muita qualidade. Havia cerca de 10 mil jogadores em Portugal. Se estão 44, é porque têm qualidade. Para poderem vir a vingar no futebol profissional têm de trabalhar. Agora é diversão, mas, daqui a uns tempos, vai ser o vosso ofício. Avisava que só três ou quatro iam chegar à seleçâo AA. Todos os outros poderiam fazer carreira profissional, mas era muito exigente", diz.
Além dos títulos europeus de 2016 e de 2025, Portugal venceu o campeonato da Europa sub-17 de 2003 e a prova equivalente que lhe antecedeu, o campeonato europeu sub-16, por quatro ocasiões, em 2000, 1996, 1995 e 1989.
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