Foi no Estádio Nacional, no Jamor, que pediram uma dobrada na final da Taça de Portugal? Pois bem, a mesa contou com isso mesmo. Vinte e três anos depois, o bicampeão Sporting juntou a Taça de Portugal ao campeonato, ao derrotar, na solarenga tarde de domingo, o rival Benfica, por 1-3. Os leões acordaram tarde, mas a tempo de festejar.
Tudo mudou numa questão de segundos. Um remate fulminante de Kokçu quase no arranque da segunda parte encaminhou aquilo que parecia ser uma possível vingança do Benfica dado o campeonato perdido na última semana... mas a força do leão não tinha ficado no Marquês de Pombal nos festejos da conquista do bicampeonato.
Na última jogada do dérbi, e a escassos segundos do apito final de Luís Godinho, Renato Sanches travou em falta o sueco Gyokeres dentro da grande área e o avançado indicou o caminho para o que seria a remontada.
O Sporting perseguiu o sonho que lhe escapava há 23 anos e alcançou-o já no tempo de prolongamento. Samuel Soares, titular surpresa na baliza encarnada, ainda impediu o bis de Gyokeres com uma grande defesa, mas o Sporting chegou mesmo ao segundo golo, com Harder a aparecer solto na área e a cabecear certeiro, após centro de Trincão.
A cambalhota estava dada e a dobradinha mais perto. O Benfica ainda tentou alcançar a igualdade, algo que nunca ficou perto de acontecer. Lage ainda lançou Di Maria, mas o golpe final foi mesmo na baliza contrária. No último suspiro, Harder arrancou pela esquerda, deu a Gyokeres, e o sueco acabou por assistir Trincão para o golo que fixou o resultado final.
O Sporting, que alcançou a maioridade (18.ª do palmarés) no que à conquista de Taças de Portugal diz respeito, serviu uma dobrada ao eterno rival e parte para a nova época com legítimas aspirações a voltar a este palco no próximo ano.
Mas vamos às notas desta partida:
Figura
Conrad Harder foi aposta ganha de Rui Borges. Lançado em campo pouco depois da hora de jogo, o dinamarquês teve uma importância fulcral nesta Taça. Marcou o golo de assinalou a remontada leonina e ainda serviu Trincão para o fecho do resultado.
Surpresa
Como ir de uma possível desilusão a ser uma das figuras do encontro? Francisco Trincão dá a explicação. Se o jogo terminasse no minuto 90, o português estaria claramente entre os piores jogadores em campo. O tempo de prolongamento trouxe-lhe vida. Fez uma soberba assistência para o golo de Harder e, no fim, deixou mais um selo seu na história do Sporting.
Desilusão
Péssima exibição de Renato Sanches. Aposta de Bruno Lage para o lugar do lesionado Kokçu a meio do jogo, o médio português despediu-se da época com uma exibição não só medíocre, como abaixo da mediocridade. Cometeu a grande penalidade que tirou o troféu das mãos da sua equipa e não ajudou em nada no prolongamento.
Treinadores
Bruno Lage
Bastou um erro de Renato Sanches para deitar por água abaixo todo o trabalho da partida. O Benfica teve uma primeira parte relativamente positiva e uma boa entrada no segundo tempo que culminou no golo de Kokçu. Depois disso, as águias preocuparam-se mais em defender o resultado do que propriamente em atacar. O nervosismo atingiu alguns jogadores e as pernas de tempo começaram a ser sucessivas. Quem aproveitou foi o rival.
Rui Borges
Foi uma vitória na raça e na alma deste Sporting. Os bicampeões nacionais foram anulados pelo adversário durante grande parte do jogo, muito por causa do trabalho tático do Benfica, mas um erro crasso a acabar o tempo regulamentar avivou os leões. A partir do penálti de Gyokeres, o conjunto de Alvalade mandou no jogo e o Benfica desapareceu.
Arbitragem
Arbitragem algo inconstante de Luís Godinho. É certo que manteve o critério ao longo de praticamente todo o jogo, mas assinalou demasiadas faltas, o que cortou o ritmo de jogo. E até abusou na amostragem dos cartões amarelos. Foi bem auxiliado pelo VAR na maior parte dos lances, mas parece haver uma agressão de Matheus Reis a Belotti na reta final do dérbi onde deveria ter intervindo.
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