Humoristas negam ter tentado entrar em Moçambique com visto de turista

O grupo 'Tons de Comédia', que foi impedido de entrar em Moçambique no domingo, revelou que se mostrou disponível para comprar o "visto de atividades culturais" - que havia sido pedido para Murilo Couto por ser brasileiro -, por forma a conseguirem entrar no país e realizar o espetáculo que estava agendado.

Tons de ComédiaVídeo

© Tons de Comédia

Maria Gouveia com Lusa
21/07/2025 16:37 ‧ há 7 horas por Maria Gouveia com Lusa

Cultura

Moçambique

O 'Tons de Comédia' - grupo constituído por Hugo Sousa (português), Gilmário Vemba (angolano) e Murilo Couto (brasileiro) - revelou, esta segunda-feira, que se mostrou disponível para comprar o "visto de atividades culturais", por forma a entrar em Moçambique e realizar o espetáculo que estava agendado para domingo, dia 20 de julho.

 

Em comunicado, a comitiva do 'Tons de Comédia' explica que, após o desembarque e antes de se dirigiram ao balcão de imigração, foi abordada "por um agente da autoridade" que lhes solicitou os passaportes, "alegando que lhes seria concedida prioridade devido à proximidade do espetáculo". 

Quando a comitiva se dirigiu ao balcão de imigração, "o mesmo agente requereu o visto de atividades culturais".

"O grupo respondeu que havia solicitado o mesmo apenas para o Murilo Couto, dado que, por ser brasileiro, não poderia beneficiar da isenção de visto. Para tal, foi notificado a apresentar o comprovativo de estadia em Maputo, devidamente carimbado pelo hotel. Este documento foi enviado poucos minutos após a sua solicitação, nos dias anteriores à viagem, mas nunca houve qualquer resposta", pode ler-se. 

Uma vez que "dispunham de toda a documentação necessária, o grupo mostrou-se disponível para proceder com o visto de fronteira e para efetuar o pagamento correspondente", tendo em conta que estava afixada uma "tabela de preços" nos balcões disponíveis para esse fim. 

Note-se que à Lusa, um elemento da Showtime explicou que o objetivo era, no aeroporto, adquirir o visto de atividades culturais e prosseguir viagem e o espetáculo.

Notícias ao Minuto Fotografia à imagens afixada com os preços dos diferentes vistos© Tons de Comédia  

No entanto, foi pedido ao grupo que "aguardasse". O comunicado refere ainda que "o promotor local fez todos os esforços, utilizando diversos meios e contactos" numa tentativa de resolver a situação. 

"O feedback que o grupo recebia de vários elementos ligados ao serviço de imigração indicavam que o assunto estava a ser tratado e que seria resolvido", acrescenta. 

Após cerca de uma hora, um representante da TAAG - companhia aérea com a qual voaram para Maputo - dirigiu-se ao grupo dizendo que "a imigração havia pedido que a comitiva fosse 'devolvida' a Luanda". Mas, tendo em conta a sobrelotação da companhia, "não seria possível o regresso no voo imediato", sendo que só poderiam regressar a Angola na terça-feira. 

A comitiva dá ainda conta de que foram "prestados poucos esclarecimentos" pelas autoridades e funcionários do aeroporto. "Todos se limitavam a lamentar a situação, mas sempre reforçando que o caso seria resolvido".

Já pelas 18h00 - sendo que o voo aterrou às 14h40 -, o grupo percebeu que "a resolução da situação demoraria mais tempo do que o esperado" e que "os técnicos de imigração no balcão do visto de fronteira não estavam por 'ordens superiores' autorizados a emitir o visto".

Já antes disso, o 'Tons de Comédia' e a produção local "decidiram cancelar o espetáculo e fazer o reembolso dos bilhetes, uma vez que não havia um estimativa clara sobre o tempo que levariam a resolver a situação". 

"Por volta das 19h00, após insistentes esforços de Pedro Gonçalves - agente do grupo - foi possível, numa sala reservada, falar com o responsável pelo serviço de imigração. Foi-lhe informado que, em virtude de ordens superiores, não seria autorizada a entrada no país e que a comitiva teria de aguardar no aeroporto pelo voo de regresso a Angola, o qual só estaria disponível na terça-feira", explicam em comunicado. 

O agente adiantou aos serviços de imigração que o grupo já tinha conseguido um voo pela companhia aérea TAP com destino a Lisboa, que seria no dia seguinte (hoje, segunda-feira, dia 21 de julho) e que, por isso, "não se justificava aguardar pelo voo de regresso a Luanda".

Tendo isso em conta e, uma vez que o espetáculo já tinha sido cancelado - motivo pelo qual terão sido impedidos de entrar em Moçambique, o agente do grupo solicitou "que fosse autorizada a entrada temporária do grupo como turistas, a fim de poderem realizar uma refeição, pernoitar no hotel e regressar ao aeroporto na manhã seguinte para embarcar no voo com destino a Lisboa", uma vez que para turismo "não seria exigido visto" e porque "no local não havia condições adequadas" para permanecer "ainda mais horas".

Notícias ao MinutoFotografia captada pelo grupo no aeroporto
© Tons de Comédia

O serviço de imigração autorizou apenas que o manager, Pedro, saísse do aeroporto "na qualidade de turista", isto porque "o seu nome e imagem não constavam do cartaz do espetáculo e que estava apenas a acompanhar o grupo", tendo também em conta que "não iria atuar". 

A "proposta foi prontamente negada pelo manager, que disse que não abandonaria os restantes membros do grupo. Diante disso, o responsável da imigração solicitou que aguardassem, informando que iria consultar os seus superiores para averiguar a possibilidade de autorizarem a saída", pode ler-se. 

Passados cerca de dez minutos, o grupo foi informado que "deveria permanecer no local até ao embarque no voo da TAP com destino a Portugal" e que, só nessa altura, lhes "seriam devolvidos os passaportes". Disseram também que "caso necessitassem de comida ou bebida, teriam de recorrer a alguém externo que lhes pudesse trazer o necessário". 

Posto isto, o grupo acabou por passar a noite no aeroporto, tendo a produção local providenciado comida e bebida - como pode ver no vídeo acima.

"Não obedeceram aos critérios. É uma atividade cultural"

Recorde-se que, o diretor-geral do Serviço Nacional de Migração (Senami) moçambicano justificou hoje a recusa de entrada no país a três humoristas, incluindo Gilmário Vemba e o português Hugo Sousa, por o terem tentado fazer com visto de turismo, quando pretendiam realizar um espetáculo.

"Vieram ao país mas não obedeceram aos critérios pelos quais eles vinham. Porque eles vinham para dar um espetáculo, um 'show'. É uma atividade cultural", disse o diretor-geral, Zainedine Danane, questionado pela Lusa à margem do evento que assinalou hoje os 50 anos do Senami, em Maputo.

Migração justifica recusa a humoristas: Tentaram entrar como turistas

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"Vieram ao país mas não obedeceram aos critérios pelos quais eles vinham", indicou o Serviço Nacional de Migração (Senami) moçambicano, após recusar entrada a três humoristas, incluindo o angolano Gilmário Vemba e o português Hugo Sousa.

Lusa | 12:54 - 21/07/2025

Leia Também: Hugo Sousa, Gilmário Vemba e Murilo Couto retidos à entrada de Moçambique

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