Fogos levam Montenegro à AR. Oposição 'aplaude' e fala em "alheamento"

O debate foi aprovado em unanimidade pela conferência de líderes e o primeiro-ministro "manifestou vontade expressa" de prestar esclarecimentos na AR, numa altura em que a Esquerda o acusa de "alheamento" e falta de empatia" na gestão do combate aos incêndios.

Luís Montenegro, Maria Lúcia Amaral, Marcelo Rebelo de Sousa,

© Horacio Villalobos#Corbis/Corbis via Getty Images

Márcia Guímaro Rodrigues com Lusa
21/08/2025 08:16 ‧ há 2 dias por Márcia Guímaro Rodrigues com Lusa

Política

Incêndios

A Assembleia da República (AR) aprovou, na quarta-feira, os pedidos para a realização de um debate extraordinário na comissão permanente, com o primeiro-ministro, Luís Montenegro, sobre a coordenação do combate aos incêndios. A medida foi aprovada por unanimidade, mas, ainda assim, o PSD considerou que a "imagem do Governo não precisa de ser limpa".

 

Segundo presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, as propostas do Chega e do PCP foram levadas a votação numa reunião extraordinária da conferência de líderes. O debate irá realizar-se na próxima quarta-feira, 27 de agosto, pelas 15h00.

Aguiar-Branco explicou que Montenegro "manifestou ele próprio a intenção de estar na comissão permanente" e que a ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral, também poderá estar presente se o Governo quiser. 

Também o ministro dos Assuntos Parlamentares, Carlos Abreu, destacou que o primeiro-ministro manifestou "vontade expressa" de ir ao Parlamento prestar esclarecimentos.

"O senhor primeiro-ministro manifestou vontade expressa de estar aqui numa reunião da comissão permanente, que se realizará na próxima semana, para dar todos os esclarecimentos que forem considerados necessários ao parlamento e, através do Parlamento, também ao país", afirmou aos jornalistas após a conferência de líderes, acrescentando que o Governo está "muito seguro e convicto da forma como o combate está a ser realizado".

Questionado sobre a presença da ministra da Administração Interna, o ministro dos Assuntos Parlamentares considerou que a disponibilidade manifestada pelo primeiro-ministro se estende a todo o Governo, que "entenderá quem estará presente" no debate.

"O Governo inteiro estará disponível para dar esses esclarecimentos, mas o chefe do Governo é o senhor primeiro-ministro, e o senhor primeiro-ministro assume o protagonismo nesses mesmos esclarecimentos", acrescentou.

Já o líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, negou que a vontade demonstrada pelo Governo de prestar esclarecimentos ao parlamento seja uma tentativa de limpar a imagem do executivo devido à realização da Festa do Pontal enquanto Portugal estava a ser assolado por incêndios.

E atirou: "A imagem do Governo não precisa de ser limpa"

Ainda sobre as críticas à realização da Festa do Pontal, Hugo Soares garantiu não haver arrependimentos com a realização do evento social-democrata, acrescentando que o primeiro-ministro "saiu imediatamente após a sua intervenção, não tendo participado em qualquer festa".

Há "razões mais do que suficientes" para Governo ir à AR

Em contrapartida, o líder parlamentar do Chega, Pedro Pinto, defendeu que há "razões mais do que suficientes" para o Governo dar esclarecimentos sobre a coordenação no combate aos incêndios.

"Infelizmente o país está num estado grave, num estado que nós consideramos mesmo de grande calamidade, o Interior do país tem sido afetado por muitos incêndios e infelizmente ainda hoje faleceu mais uma pessoa quando ajudavam no combate a esses incêndios. São razões mais do que suficientes para o Governo ser escrutinado e para haver uma comissão permanente", afirmou Pedro Pinto, na quarta-feira.

Ainda assim, o partido duvida que o Governo dê os esclarecimentos necessários no debate de quarta-feira. "O Governo irá abrir o debate e irá fechar o debate. Ou seja, não irá responder às perguntas durante o debate", explicou.

Também a líder da IL, Mariana Leitão, considerou ser "muito importante" ouvir o primeiro-ministro no Parlamento e acrescentou que a "forma como o Governo tem gerido toda esta calamidade não está, de forma alguma, à altura das circunstâncias".

Para a presidente dos liberais, tem havido, da parte do executivo, "completa desorganização, ausência de liderança e até um certo comportamento ou resposta errática por parte do primeiro-ministro às críticas que vão sendo feitas".

IL e Chega concordam: É preciso esclarecimentos por parte do Governo

IL e Chega concordam: É preciso esclarecimentos por parte do Governo

O líder parlamentar do Chega defendeu hoje que há "razões mais do que suficientes" para o Governo dar esclarecimentos sobre a coordenação no combate aos incêndios, mas disse temer que isso poderá não acontecer no debate de quarta-feira.

Lusa | 18:49 - 20/08/2025

"Problema de competência". Esquerda lamenta "alheamento" e "falta de empatia"

Na mesma onda de críticas, a líder parlamentar do Livre, Isabel Mendes Lopes, lamentou que a postura do Governo tenha sido de "pouca informação, de informação irregular e até de algum alheamento e falta de empatia".

Por sua vez, a líder parlamentar do PCP, Paula Santos, recordou que o seu partido foi um dos que pediu a presença de Luís Montenegro num debate na Comissão Permanente da Assembleia da República, acusando o executivo de estar a "fugir às questões centrais e a não dar respostas concretas" perante a "situação trágica dos incêndios".

A coordenadora do BE, Mariana Mortágua, disse que tem procurado não fazer críticas ao Governo em pleno combate aos incêndios, mas salientou que se justifica um debate parlamentar sobre esta matéria porque já se pode dizer que o executivo "falhou e que o primeiro-ministro teve um problema de competência, de noção e também de empatia".

Livre, PCP e BE acusam Governo de alheamento e falta de resposta aos incêndios

Livre, PCP e BE acusam Governo de alheamento e falta de resposta aos incêndios

Livre, PCP e BE acusaram hoje o Governo de alheamento e de não estar a dar as respostas necessárias para um combate eficaz aos incêndios, apelando a que apoie as populações e os territórios afetados.

Lusa | 18:19 - 20/08/2025

Carneiro tinha dito há dois dias que PS votaria contra pedidos do Chega e PCP

Na terça-feira, o secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, afirmou que os socialistas iriam votar contra os pedidos apresentados pelas bancadas do Chega e PCP para uma reunião da comissão permanente do Parlamento sobre os fogos florestais por ser "contra a chicana política" e ocorrer num momento em que os esforços devem estar na coordenação do combate aos incêndios.

No entanto, o líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, explicou, na quarta-feira, que a reunião da comissão permanente para debater os incêndios "é extemporânea", justificando o voto favorável dos socialistas ao debate com a disponibilidade manifestada pelo primeiro-ministro para ir ao Parlamento.

"Perante a disponibilidade do primeiro-ministro para vir ao Parlamento, não é o Partido Socialista que votará contra a vinda do primeiro-ministro", disse Eurico Brilhante Dias.

Se Montenegro está disponível para ir à AR,

Se Montenegro está disponível para ir à AR, "não é PS que votará contra"

O líder parlamentar do PS considerou hoje que a reunião da comissão permanente para debater os incêndios "é extemporânea", justificando o voto favorável dos socialistas ao debate com a disponibilidade manifestada pelo primeiro-ministro para ir ao Parlamento.

Lusa | 17:27 - 20/08/2025

Sublinhe-se que o Chega, no requerimento enviado ao presidente da Assembleia da República, pedia a marcação de uma sessão plenária ou, em alternativa, uma reunião extraordinária da comissão permanente, o órgão que substitui o plenário em tempo de férias parlamentares, com a presença de Luís Montenegro e de Maria Lúcia Amaral.

O PCP pedia também uma reunião extraordinária da Comissão Permanente do parlamento com a presença do primeiro-ministro para debater os incêndios que têm afetado o país.

Leia Também: Incêndios: Fundão disponibiliza apoio social e psicológico

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