Nuno Melo falava num restaurante em Sintra, local escolhido pelos centristas para assinalar o 51.º aniversário do partido, fundado em 19 de julho de 1974, num discurso no qual insistiu na importância dos votos do CDS-PP para a vitória da AD, quer em 2024, quer nas legislativas deste ano, ou em eleições como as autárquicas.
"Naquele ano o CDS não voltou ao Governo por favor, mas sim por trabalho, por mérito, porque conta. E há dois meses e tal esse peso foi reconfirmado. E realmente esta é uma coligação impecável, é uma coligação que é feita de lealdade, uma coligação em que nos esforçarmos reciprocamente para transformarmos Portugal", defendeu o também ministro da Defesa Nacional.
Na ótica de Nuno Melo, "a AD é o reformismo em ação" e não "está cá para que fique tudo na mesma", destacando o trabalho feito na pasta que tutela, a Defesa Nacional, mas também na Administração Interna, onde Telmo Correia é secretário de Estado.
O líder do CDS-PP reconheceu que o seu partido não tem tantas pastas como já teve no passado noutros governos, mas salientou não é por isso que deixa de "influenciar políticas".
De acordo com Nuno Melo, "quando se olha para este Governo e para aquilo que transforma" as "marcas do CDS" são notórias, a começar pela imigração, no dia em que o Presidente da República enviou para o Tribunal Constitucional o decreto do parlamento que altera o regime jurídico de entrada, permanência, saída e afastamento de estrangeiros do território nacional, aprovado por PSD, Chega e CDS-PP.
"O CDS, creio, precisamente com o Telmo Correia, foi o primeiro partido, na verdade, a apresentar uma proposta na Assembleia da República para um regime mais exigente para a atribuição da nacionalidade. E quando hoje se discutem alterações da lei da nacionalidade, esta é uma área em que nós vemos medidas que vão de acordo àquilo que o CDS sempre defendeu", notou.
Nuno Melo continuou, realçando que "foi retirada a ideologia de manuais escolares", que o CDS sempre defendeu, tal como a regulamentação do uso dos telemóveis nas escolas.
"Isto para lhes dizer, meus amigos, que 51 anos depois, o CDS, neste Governo, com alguns dos que todos os dias, há muitos mais anos, se esforçam no parlamento e fora dele para ajudar a mudar a vida dos portugueses, continua a fazer tanto sentido em 2025 como fazia sentido em 1974", argumentou.
Além do plano nacional, o líder centrista também destacou a importância do CDS ao nível autárquico, que através de coligações contribuiu para "a derrota da esquerda em alguns dos principais concelhos do Portugal".
"Essas autarquias, quando os votos são contados, não são autarquias do PSD, são autarquias do PSD e do CDS, em conjunto, em projetos maiores, ao serviço de Portugal", enalteceu.
Destacando o valor dos quadros do partido Nuno Melo manifestou-se convicto de que nas eleições autárquicas de outubro, "o CDS voltará a ter sucesso".
O governante procurou salientar as linhas ideológicas que distinguem o CDS de outros partidos à direita, sublinhando que o seu partido quer "um país com menos Estado, menos impostos, que valorize as famílias, que garanta mais liberdade de escolha na educação, mas sem esquecer os mais vulneráveis".
"O CDS não é mercado. O CDS acredita nas virtudes do mercado. Mas o CDS sabe que não nascemos todos com as mesmas oportunidades. E se nós trabalhamos por um mercado que seja eficaz, que produza riqueza, é porque nós sabemos também que queremos que parte dessa riqueza possa ser redistribuída pelos que têm menos. É por isso que o CDS não é só direita. O CDS é direita social", salientou.
Na sua intervenção, Nuno Melo não esqueceu o desaire eleitoral que levou à saída do CDS do parlamento pela primeira vez na sua história, em 2022, ano que definiu como "da resistência e da reorganização".
O ano de 2023, continuou, marcou um "ciclo de afirmação e de crescimento" e 2024 "devolveu o CDS à Assembleia da República ao Governo de Portugal", o que "não foi coisa pouca".
Já 2025, além de ter reconfirmado o regresso dos centristas ao arco da governação, será também o ano de "um desafio igualmente importante para o CDS", com Nuno Melo a citar Adelino Amaro da Costa: "As autarquias estão para o CDS como os sindicatos estão para a esquerda".
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