Na abertura do debate do Estado da Nação, numa intervenção de 25 minutos, Luís Montenegro reiterou que o povo votou pela estabilidade política e por uma legislatura de quatro anos nas eleições antecipadas de 18 de maio.
"Mas o povo não se ficou apenas por aí. Portugal, os portugueses, também falaram às oposições. E disseram que o tempo da tática estéril, do ruído constante e da obstrução sistemática já não serve a Portugal", defendeu.
Para Montenegro, "cabe agora a cada um interpretar e responder por si", considerando que "é hora de estar à altura, de cooperar, de construir, de contribuir com seriedade".
"Porque Portugal não pode ser um país de jogos de poder a qualquer preço. Portugal exige clareza, diálogo construtivo, espírito de convergência e sentido de Estado. Tudo claro, sempre respeitando o papel de fiscalização e alternativa democrática das oposições", afirmou.
O primeiro-ministro apelou à "responsabilidade de todas as forças políticas" para alcançar "a transformação que os portugueses escolheram, a estabilidade que os portugueses pediram".
"E quando falamos de responsabilidade, não estamos a pedir às oposições que se demitam de fazer oposição. Pelo contrário: quando apelamos à responsabilidade, estamos a pedir aos partidos que acrescentem as suas ideias à mudança. Que trabalhem connosco lado a lado para melhorar a vida dos portugueses. Que se juntem à transformação e ao esforço do país", apelou.
Para Montenegro, "o papel das oposições não é dizer o contrário do governo, mas lutar naturalmente pelas suas convicções".
"Como acreditamos que o papel do governo não é combater as oposições, mas incluí-las no projeto do país. Por isso é preciso humildade e coragem política, disponibilidade e espírito de diálogo, reflexão e debate construtivo, responsabilidade e respeito democrático e credibilidade e confiança institucional por parte de todos", considerou.
Na sua intervenção, o primeiro-ministro destacou ainda a situação económico-financeira do país, defendendo que "Portugal apresenta hoje uma economia sólida, resiliente e em franco crescimento", "além do que previram as instituições nacionais, os organismos internacionais" e até o próprio Governo.
"Para 2025, não obstante os efeitos temporários irrepetíveis do primeiro trimestre, a aceleração da atividade económica permite antecipar um crescimento acima da zona euro e da própria União Europeia", disse.
Montenegro reafirmou que o objetivo do executivo que lidera é ter "contas equilibradas, sim, mas não à custa de mais impostos, de cortes nos serviços e nos investimentos públicos".
"O equilíbrio garante-se na eficiência da administração, na execução das reformas, no crescimento económico sustentável, no aumento do investimento, no aumento dos rendimentos e na diminuição da carga fiscal. Rebatendo também aí as previsões mais céticas, alcançamos em 2024 um superavit orçamental de 0,7% do nosso produto. Um resultado que superou todas as antecipações", disse.
Destacando igualmente a "estabilidade social" no país, Montenegro defendeu que "Portugal é maior do que os seus obstáculos, é maior do que o cansaço, é maior do que o medo" e terminou a sua intervenção dizendo citar a poetisa Sophia de Mello Breyner Andresen
"Nós somos a memória que temos e a responsabilidade que assumimos", afirmou.
No entanto, numa pesquisa na Internet, esta frase é atribuída ao escritor José Saramago, nos "Cadernos de Lanzarote".
[Notícia atualizada às 16h53]
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