O secretário de Estado da Proteção Civil, Rui Rocha, admitiu esta terça-feira que podem existir momentos de "descoordenação momentânea" no combate aos incêndios em Portugal.
"Podemos admitir, aqui ou noutro momento, por aquilo que dou nota, da complexidade dos teatros de operações, que possa haver alguma descoordenação momentânea", esclareceu o governante em entrevista à SIC Notícias.
"Muitas vezes a própria velocidade e propagação do fogo é muito mais rápida do que a capacidade de mobilizar meios", explicou, realçando que "todos os teatros de operações têm um posto de comando responsável por gerir os recursos".
"Há comandantes que me relatam que não se recordam de um fogo tão intenso e com uma velocidade de propagação tão rápida", relatou o governante.
Rui Rocha fez, mesmo assim, um balanço geral positivo da ação dos profissionais no terreno, afirmando que há "uma taxa de sucesso no ataque inicial, nos primeiros 90 minutos, superior a 90%".
Quanto à falta de meios, o secretário de Estado disse compreender a aflição dos autarcas no terreno e relembrou que ele próprio era presidente da Câmara Municipal de Ansião, em 2017, onde houve um posto devido aos incêndios em Pedrógão.
"Nós que estamos no local entendemos sempre que os recursos são escassos", admitiu.
Rui Rocha respondeu ainda às críticas feitas pelo presidente da Liga dos Bombeiros na tarde desta terça-feira, que defendeu que deveria haver um "rosto" a nível nacional para tomar decisões quanto ao combate aos incêndios.
O governante considerou "injusta" a afirmação e relembrou que há um comandante nacional da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, que muitas vezes aparece à frente das câmaras para fazer os briefings, e que em outras tantas "visita os vários postos de comando e teatros de operações" no terreno.
Quanto à situação de alerta, que se estende até quarta-feira, depois de sucessivos prolongamentos, Rui Rocha explicou que "não se justificava" manter o regime, com previsões meteorológicas benéficas para o combate aos incêndios.
"Vai haver uma descida da temperatura, que vai colocar a temperatura aos níveis habituais do mês de agosto, de verão, e a humidade vai ser maior. São esses aspetos que nos levaram a não prolongar a situação de alerta", esclareceu.
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