O primeiro-ministro, Luís Montenegro, afirmou, esta quinta-feira, que o Governo continuará "a tomar todas as medidas que possam reforçar do ponto de vista humano e do ponto de vista operacional" o combate aos incêndios que vêm a assolar o país e voltou a apelar ao "sentido de responsabilidade e unidade", notando ainda que "não é correto" dizer-se que há "falhas de meios humanos".
"Este ano, temos o maior dispositivo de sempre em prontidão para poder acorrer a todas as ocorrências. O nosso desejo é que sejam em menor número possível, bem como em impacto e dimensão", começou por dizer, em declarações aos jornalistas à margem da sua visita à Feira de São Mateus, em Viseu.
Montenegro referiu ainda que o que "compete ao Governo e aos poderes públicos é" poder "dar a resposta necessária nos momentos de maior aflição e maior crise", dando conta de dois fatores: "a prevenção e o combate".
"Há também comportamentos de risco que devemos diminuir quando sabemos que as condições climatéricas são adversas. Este estado de alerta traz-nos um conjunto de obrigações e restrições que vão diminuir o risco de poder haver ignições". O chefe de Governo voltou também a apelar "ao sentido de responsabilidade e unidade do país, em torno de um combate que é de todos" e que "hoje pode atingir uns e amanhã outros".
Questionado sobre o facto de o dispositivo estar já exausto, sobre as falhas de meios aéreos e se já não deveria ter sido acionado o mecanismo europeu, Luís Montenegro afirmou ser necessário "colaborar para não agravar uma situação que transporta muito sofrimento para todos".
E sublinhou: "Dizer-se que há falhas de meios humanos não é correto".
"Nós temos meios que não são ilimitados, quer do ponto de vista humano, quer do ponto de vista técnico e operacional e dos equipamentos. Também sabemos que muitos deles estão neste momento já com um desgaste muito assinalável e eu quero aproveitar a ocasião para dar uma palavra de grande reconhecimento e gratidão aos operacionais que no terreno enfrentam muitas vezes o desafio de se enfrentarem a si próprios e à sua capacidade física e mental nesta luta que é desigual", frisou.
O líder do Executivo deu ainda conta de que o Governo tem "a obrigação de todos os dias aprimorar respostas e poder ir mais longe com as respostas": "Foi isso que fizemos com a decisão que hoje tomamos de adquirir dois kits que vão dotar as aeronaves C-130 com a possibilidade de também colaborarem no combate aos incêndios".
"Estamos a falar de aeronaves que ainda estão com toda a plenitude da sua utilização, algumas delas saíram das oficinas gerais de material aeronáutico com redobrada capacidade por terem precisamente tido operações de manutenção e revitalização que lhes deram melhores condições de operacionalidade".
E acrescentou: "Continuaremos a fazer e a tomar todas as medidas que possam reforçar o dispositivo quer do ponto de vista humano, quer do ponto de vista técnico e operacional".
Recorde-se que, na quarta-feira, o ministro da Defesa, Nuno Melo, já havia anunciado que o Governo iria aprovar em Conselho de Ministros (que decorreu esta quinta-feira) a aquisição de dois dos "mais modernos kits de combates a fogos florestais" para equipar as aeronaves C-130 da Força Aérea.
"Os 'kits' de incêndio, de novo, colocados nos C-130, transportam muito maior quantidade de água, suponho que até 12 toneladas, com descargas muito maiores de uma só vez ou parcelares, comparativamente com helicópteros e serão, em complemento, um equipamento importante", explicou.
Situação de alerta mantém-se até dia 13 de agosto
De salientar ainda que, esta quinta-feira, a ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral, disse que a situação de alerta se prolonga até 13 de agosto. Face à situação, "continuam-se a vigorar mesmas proibições e impedimentos já existentes quanto a atividades agrícolas e recreativas em meios rurais."
Quantos hectares arderam desde o início do ano?
Os incêndios florestais já consumiram este ano quase 42 mil hectares, oito vezes mais que no mesmo período de 2024 e o valor mais elevado desde 2022, segundo o Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais (SGIFR).
As estatísticas do SGIFR, da responsabilidade da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF), dão conta que desde 01 de janeiro registaram-se 5.211 incêndios que provocaram 41.644 hectares de área ardida.
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