O Ministério Público (MP) abriu um inquérito-crime ao caso da cirurgia do secretário-geral do PSD, Hugo Soares, no Hospital de Santo António, no Porto. A notícia foi avançada pelo Expresso e confirmada ao Notícias ao Minuto pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
"Confirma-se a instauração de inquérito a correr termos no DIAP [Departamento de Investigação e Ação Penal] Regional do Porto. O mesmo encontra-se sujeito a segredo de justiça", informou a PGR.
De notar que, no sábado, o MP já tinha confirmado que tinha recebido uma denúncia contra Hugo Soares e que estava a analisar o caso, depois de o Correio da Manhã noticiar que em causa estava um alegado favorecimento indevido no acesso a uma cirurgia no Hospital da Santo António, no Porto, em 29 de agosto do ano passado.
O Expresso avança ainda que, além do MP, também a Inspeção-Geral de Atividades em Saúde (UGAS) está a investigar o caso. O Notícias ao Minuto já contactou a entidade e aguarda uma resposta.
Segundo a denúncia, Hugo Soares foi admitido como prioritário para ser operado ao cólon. A cirurgia robótica aconteceu em julho do ano passado, um mês e uma semana depois de entrar na lista de espera, e a referenciação para a mesma terá começado numa consulta no setor privado. São ainda levantadas suspeitas sobre o diretor do departamento de cirurgia do Hospital de Santo António, Eurico Castro Alves.
O diretor clínico do Hospital de Santo António, Jorge Barros, defendeu, em declarações ao Expresso, que "a denúncia anónima tem pressupostos errados ou grosseiramente adulterados". O responsável diz, contudo, desconhecer se algum médico do departamento atendeu o social-democrata no privado.
Além disso, precisou que Hugo Soares foi às urgências do hospital a 13 de julho de 2024 e recebeu uma pulseira amarela, acabando por ser "encaminhado para a especialidade de cirurgia gera". "O quadro clínico levou ao diagnóstico de doença inflamatória aguda, com indicação cirúrgica, não emergente, mas prioritária. Teve alta, após cinco horas de observação, sendo referenciado à Unidade Colorretal do Serviço de Cirurgia", disse, referindo que a cirurgia está dentro "do tempo máximo de resposta garantido para prioritários não oncológicos", que é de dois meses.
"A análise anatomopatológica mostrou lesões agudas e marcadas da peça anatómica excisada, reforçando objetivamente a prioridade clínica da indicação cirúrgica", acrescentou. Jorge Barros entregou documentação à IGAS.
Hugo Soares não comentou o caso. Ao Correio da Manhã tinha defendido que não tinha desrespeitado "nenhuma regra" ou sido "favorecido". O cirurgião que o admitiu na lista de espera e o operou também não respondeu.
Em abril, note-se, a IGAS anunciou ter instaurado, em novembro de 2024, um processo a Eurico Castro Alves, na sequência de denúncias recebidas. O inquérito é relativo à gestão das listas de espera e acumulação de funções públicas com funções ou atividades privadas.
Leia Também: Ministério Público recebe denúncia contra Hugo Soares: Está "em análise"